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quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Meu sangue não é negro nem o teu é branco.

A voz que ouço na escuridão do beco
É de um branco ou de um preto?

O sangue vermelho sendo analisado
Fator Rh quem foi que doou?

Será que pela cor poderá me dizer
Se foi um mulato,negro,sarará
Comia muqueca,cocada,abará?

Se foi mameluco sujeito treitero
Das bandas de Minas que trocou por dinheiro?

Se foi a cigana que leu minha mão
Por umas moedas pra comprar o pão?

Se foi um gaúcho de bota e bombacha
Com cuia,guaiaca e o teu chimarrão?

Se foi um menino talvez nordestino
Que fugiu do Pará num barco a vapor?

Mas não foi preconceito escroto sujeito
Sem eira nem beira,sem Deus ,sem irmão.

Por que o espanto?
Meu sangue não é negro
Nem o teu é branco.

Renildo Borges