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quarta-feira, 4 de julho de 2018

Quando o canalha que há em mim fica de folga.


Queria lembrar teu nome
Mas a sujeira do sistema
E os meus negros pecados
encobriu-o por completo
Mas me lembro do seu rosto
naquela manhã cinzenta
o homem com a arma na mão
você pálida e sem ação
eu sem nada pra perder
resolvi foi me meter
uma paulada no covarde
sangue escorrendo da venta
nós escapando ligeiro
pela 2 de Fevereiro
Isso eu nunca esqueci


Não sei como percebeu
O medo nos olhos meus
Naquela cidade estranha
Sem saber para onde ir
Sem dinheiro
Sem trabalho
Num estranho itinerário
A passagem... morte e vida
O calendário contando
O tempo que me faltava
Pra fome mudar meu destino


Você tinha duas filhas
Todas belas e no cio
Eu um sujeito vadio
Morando de favor seu
Brigaram por minha causa
E me mandaram escolher
Eu escolhi te honrar
Matei as minhas vontades
em madrugadas febril
Seu rosto em meu pensamento
Vincado de tanta labuta
olhos fundos
e o sofrimento...
Viúva aos quarenta e poucos anos


Eu o filho que não tinhas
Para protege-la e as tuas filhas
De lobos pelo terreiro
Farejando o tempo inteiro
Cheiro de prazer e dor
Sexo e mais um pra sofrer
Difícil cargo me destes
No meu coração agreste
Eu também lobo silvestre
Num mundo de ladainhas
Lá fora todas as vizinhas
A quem não devias nada
Mariposas sussurrando
Pecados na escuridão
E estavam limpas as minhas mãos.


À Dona Glorinha-Barra Funda-Sampa/Dona Morena-Federação- Salvador/Dona Carolina-Praia de Atalaia-Aracajú.


Renildo Borges

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