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domingo, 23 de abril de 2017

O amor nosso de cada dia.


Mamãe minha meia
mamãe tô com fome
e chega o homem já de tardezinha
depois do jantar
depois de fumar
a mão entre as coxas
a língua na boca
e sobe e desce
crianças lá fora
alheias as coisas
todas bem nutridas
brincando de roda


Mamãe o João me deu beliscão
Mamãe bate nele pra ele aprender
A não mais fazer
Tanta traquinagem
Que seja fraterno
Que seja irmão
E não tão malino
-Te aquiete, menino!

Mamãe tá doendo
Meu dente
O ouvido
Meu pé desmentido
Mamãe quero cólo
E cega o homem
Cansado
Insone
Com parco dinheiro
O mês ainda inteiro
E faz se as contas
Noves fora zero
Então o que sobra
É o amor nosso de cada dia.


Renildo Borges

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