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segunda-feira, 24 de abril de 2017

Um abraço para nos devolver a humanidade.


Anoiteceram as manhãs
Os cegos tateiam o nada
Os surdos ouvem o silêncio
Sinto apenas passar por mim o vento
O sopro divino ainda permanece
E nele eu procuro a luz...
Um abraço que quebre todos os medos
As algemas dos vícios que voam
com a solidão da meia noite


Anoiteceram as manhãs
Sento à mesa desfeita onde não há mais comunhão
O amor rejeitado agora é um pão bolorento
A sopa de religiões é uma panela fervente à minha frente
muitos se servem da sua porção de ódio
Sinto saudade da família desfeita,
trocada pela imundície dos que se deitam
pelas sete freguesias num pacto com as trevas

Anoiteceram as manhãs
Buscaram a liberdade e lhes deram vícios
Um homem depilado e castrado escorre na sarjeta
O passivo ativo ativista nada me pergunta
Uma mulher quadrada não pode entrar no círculo
Trago a fumaça do diabo... cannabis sativas
E respiro a liberdade de ser um idiota
Um resto de pó em minhas narinas me revela
que não sou só um passante
A multa pelo lixo na avenida me cobrarão mais tarde
Anoiteceram as manhãs...

Renildo Borges

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