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terça-feira, 30 de maio de 2017

Olhos de meninos.


Num beco sem saída
há vida!
no vento que sussurra baixinho
um caminho!
Num canto do pássaro que entra
sem licença!
Na lágrima sentida que cai
e se esvai!
Na dor que contigo conversa
ora essa!
Vem cá!
Eu te mostro o caminho...
Olha o espinho!
Olhos de meninos.


Renildo Borges

Uma dose de coragem e outra de ilusão.


Dê-me uma dose de coragem
No gargalo de sua boca
Para que eu suporte os vícios
Que brotam na vida tosca
Mandai as vossas mensagens
Traduzidas na língua do amor
Pelos desertos da alma
Pela solidão da dor


Se puder mande-me a calma
Se puder mande-me a fé
Que emana em vossa alma
Que vem dos ventos do além
Pra quem não tem mais coragem
Pra quem não tem mais ninguém

Dê-me uma dose de amigos
Outra de sabedoria
Para ver a escuridão
Disfarçada em pleno dia
Com venenosos perfumes
Caminhos de ilusão
Morte na canção de sonhos
Que nos levam pela mão

Dê-me um canto qualquer
Dos que tem coragem e cantam
E dançam em fios de navalha
E quando caem levantam
Pelos becos e vielas
Nas favelas
No sertão

Dê-me uma dose de coragem
E outra de ilusão
Se eu me perder da vontade
Me carregue pela mão

Renildo Borges

A alma é nua


Não gosto de coisas medidas
Uso punhados ,pitadas...
Por que não sei que tamanho
É teu amor
Tua alma
 

Metrificar poesias
Ah! Isso eu não faço não
É como se fosse medir
teu amor
tua ilusão


Eu gosto do que é livre
poder correr e voar
um sorriso abrindo a porta
para um abraço fechar
nos mundos que eu invento
muito além do teu olhar

Não gosto de coisas pesadas
Em balanças desonestas
Dos covardes escondidos
Nos olhando pelas frestas
Pesando e medindo tudo
amores,gestos ,palavras
liberdade nunca é tardia
enquanto houver luz do dia.

 Renildo Borges

A mulher do meu poema.


A mulher que está no meu poema
Não é uma mulher que eu inventei
Sem nenhum defeito
Sem nenhuma dor
Sem nenhuma mancha
Sem nenhum vexame
Sem nenhum ciúme


A mulher que está no meu poema
Era cega ou louca
Me fitou nos olhos
Beijou minha boca
Trocamos salivas
Trocamos fluídos
Tinha TPM
E também tesão
E ficou pra sempre em meu coração

A mulher que está no meu poema
Não é imaginada
Tinha identidade
Ficava menstruada
qualquer rabo de saia
Ficava enciumada
E vinha com pau pra me dar porrada

A mulher que está no meu poema
Esteve em minha vida
Se chamava Rosa,
Lúcia,
Margarida...
Gostava de sol
De acarajé
De forró
De samba
Bolo de caroço
Marcas de batom e marcas no pescoço.

Renildo Borges

Para temperar as manhãs cinzentas.


Quatro ou cinco olhares
Um pedido de namoro
Meia dúzia de palavras
Um entendimento completo
Quinhentos gramas de amor
“Por ser muito caro e escasso”
Quatro cubos de carinho
Um molho de paciência
Meia xícara de sensibilidade
Uma pitada de coragem
E reserve


Bata o coração com bastante emoção
Vai botando a compreensão,
as desculpas e o perdão aos poucos
E continue batendo até que o amor
Esteja homogêneo a ponto de suspiro

Depois aqueça a cama ,ops! Digo a forma
Unte com...Ah, você sabe com o que!
Coloque dentro da forma e vai mexendo devagar
Até você sentir que tá bom
Depois de nove meses retire da forma
Dá um trabalho enorme
Mas você ficará muito feliz
Por que fez tudo direitinho
E agora é mãe.


Renildo Borges

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Toda presunção será castigada.


Juntei todo o meu dinheiro
Minha fama de infalível
Pintei os olhos de poder
Para lhe ter
Sem desculpas
Sem saída
E pressionei


Por quem me tomas ela disse
E os olhos por outros mundos
Vers libre tão profundos
Contando as horas do dia
esperando,esperando
o que não se pode ver
o que não se pode tocar
versos soltos pelo vento
suspiros,contentamento
um poeta vagabundo
que vomitava palavras
tinha ido tão profundo
e era o dono de sua alma


Renildo Borges

terça-feira, 23 de maio de 2017

O que sobrou de mim pra você com carinho.




O que sobrou de mim pelos bares,
pelas noites,
pelas ruas
Você juntou num abraço

O que de mim foi rejeitado,
desmoralizado,
ignorado
você sentou-se a meu lado e ouviu

O que de mim não queriam
como a fé em um novo dia
queriam só a matéria
com ódio no tribunal
você ficou com a fé

O que de mim eu guardei
com vergonha
escondido
no meu peito
você achou tão perfeito
e me beijou daquele jeito

Renildo Borges

domingo, 7 de maio de 2017

Et sis reus.


O dia amanheceu
Quem sou eu?
Quem sou eu?
Rabiscos de humanidade
O amor livre me despejou nas ruas
Meu ódio sustenta os olhares
dos arrogantes pecadores passantes
O sêmen ainda escorre dos seus ânus
Esperma e whisky em suas bocas sujas
As velhas feministas enrugadas
Lamentam que a puta que me pariu
não era também assassina
covarde o bastante pra fazer aborto
e presas em grades do seu passado...
Sabem que aqui fora eu as julgarei
Com a mesma medida as quais me condenaram
Sem nenhum diálogo ou um defensor qualquer
Apenas o ódio e a sentença fria da “MORTE”
O dia anoiteceu...
Toda rebeldia te escraviza à morte
Nunca serão livres como eu.



Renildo Borges