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quarta-feira, 24 de junho de 2020

Desencanto
 
 
Ainda estou por aí
os amigos e as mulheres que amei
companheiros de vidas e de sonhos
estão velhos ou mortos como eu...
O vento traz notícias sobre a morte
de longe e de perto
Caíram muitos à minha direita
e a minha esquerda
bem perto do coração
os amigos que eu tinha
se calaram
Não imploram mais pela vida
por perdão
Apenas seus nomes e rostos
escritos em minha memória
e no meu coração permanece
 
Coloco a hipocrisia ,o ódio e a indiferença
no lombo do vazio e despacho de volta
para quem se sente bem...
sendo mal...
Não devia haver prazer na maldade
que brotam do inferno ou caem do céu
da boca maldita que vocifera
o que o coração sente
e descaradamente mente
 
Olho para o sol que insiste em brilhar
pelas manhãs cinzentas e constato
o quanto sou insignificante
o quanto minha oração é vazia
e a minha vontade morta
de bater outra vez em sua porta
me divide...
 
Não importa mais os mortos
os vivos é que vivem em mim,
assustados e acuados
com o salário do pecado
no banco dos réus
(por que já nascemos no pecado)
para cobrir a dívida
contraída pelo simples ato de existir.
 
 
Renildo Borges

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