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terça-feira, 3 de outubro de 2017

Entre a cruz e a espada


Prenderam seu Gabriel
homem honesto,fiel
aos mandamentos de Deus
só por que se sucedeu
que teu menino mais novo
andando lá no meio do povo 

Uma gentinha miúda
com titica na cabeça
e se fazendo de besta


Diziam que a palmada
nunca devia ser dada
que estava condenada
Por uma assembleia indecente
duvido se era de gente
que acreditava em Deus
Que um dia escreveu
”Corija seu filho com vara pra não chorar sobre seu túmulo depois”

Seu Gabriel não devia
nenhum centavo a ninguém
Se não tivesse vintém
que os seus braços ganhava
Por certo é que ficava
com fome mas com a vergonha
Bem estampada na cara
pois um cabra do sertão
Não perde a vergonha não

E o juiz perguntou: Você bateu no seu filho?
Seu Gabriel respondeu: Bati e bato de novo
Se ele andar no meio de um povo
viciado em pecado
Contadores de mentira
que não respeita os mais velhos
Que não tem papa na língua
e sai falando besteira
Ofendendo a família
e a perfeita harmonia
de andar na lei de Deus.

E foram deliberá entender o beabá
Do sertão do Ceará
frente aquela lei sem jeito
Desmanchando o que é perfeito
E quando o juiz voltou
olhando meio acanhado
Para seu pai ali presente
com aquele olhar lhe dizendo:
Veja lá o que tá fazendo !
Se não lhe dou uns tabefes
E veio o veredito
sobre o dito por não dito
Mas será o Benedito?
Com medo de levar um pito
o juiz argumentou que vale mais obedecer a Deus que aos homens
e por isso não podia manter preso um homem
que desobedecia homens ao invés de Deus.

Renildo Borges

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