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domingo, 29 de abril de 2018

Quem domina a sua língua é o mais valente dos homens


Quanto custa aquelas palavras dita
Naquela hora maldita
De mãos dadas com o mal
sem paciência ou amor
a minha boca falou...
O teu olhar espantado
me indagando com cuidado
quem és tu?
Não me confundas...
com a tua boca imunda
que beija e me fala de amor


O tempo bateu em minha porta
Naquelas horas tão mortas
Puxou a cadeira e sentou
Fez as contas e me mostrou
O meu saldo negativo
Tantas palavras inúteis
Tinha dito a minha boca
pra encher homens vazios
e os meus bolsos sem fundo
pagando ilusão do mundo
onde tudo é apenas pó
poeira em olhos cegos

A saudade bateu em minha porta
Amarrou a rede no porão
Com ela trouxe a solidão
Se riam de mim
Nas madrugadas
Daquela velha piada
“A mentira tem pernas curtas”
"farinha pouca,meu pirão primeiro"
o homem com a arma na mão
-Repita se tem coragem!
o silêncio pela vida
"Antes um covarde vivo
que um valente morto"
falei em meu pensamento

A mentira entrou pela porta escancarada
Prometeu aparar as arestas
Me convidou pra uma festa
(another brick in the wall)
de minha memória morta
Eu já não tinha mais nada
O veneno em minha boca
Pronto para assassinar
Qualquer encanto
em meu pranto
Quando de repente
O espanto
minha boca dizendo a verdade
um vendaval...tempestade
invadiu a madrugada

O arrependimento se apresentou
vasculhou meus arquivos mentais
sentiu um cheiro de enxofre
me olhou...meneou a cabeça
em sinal de reprovação
mas estendeu-me a mão
e retirou as algemas da cobiça
de ser no mundo um artista
equilibrar em fio de navalha
antes da escuridão
a esperança
Lá ao longe onde a noite se encontra com o dia
vinha devagar
fazendo um levantamento
e a morte cobrando o tempo
Ora pro nobis
repetia a ladainha.

Renildo Borges

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