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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Por onde o vento nos levou.


Já quis ser porto seguro
segurar em mim quem chegasse
já quis ser uma folha seca
ir por onde o vento levasse
já quis me esconder no escuro
pra clarear as ideias
 


já quis em alguns dias claros
esconder promessas velhas

mas devagar gira as horas
de quem espera ilusão
de quem voa em quimeras
caixa de pandora
prometeu
roubando o fogo que havia
no coração que era meu


Já quis ser alegre um dia
na ciranda dos que dançavam comigo
mas eu era uma rosa velha que
já não tinha perfume
minhas petálas
rublas de vergonha
caindo como a chuva
me afogando em tristeza
num lago de saudade em mim
do quis ser e nunca fui


Já quis ser apenas o gosto
em tua boca
e na minha
mas não a tua saudade
que chega à boca da noite
junto com a solidão
pra conversar e lembrar
de coisas que foi vontade
de coisas que foi paixão
por onde o vento nos levou
nos becos da ilusão
mas os hipócritas
(escondidos em suas madrugadas vazias)
sempre chamarão de pecado.


Renildo Borges

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