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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Sui Generis



Eles me deixaram aqui fora
Trancaram a porta com risos
De hienas na carniça
(dízimo e ofertas)
Só por que não concordei
Em pagar pra ir pro céu
No mar da incoerência
Numa velha arca furada
Guiadas por quem tem olho e não vê
E aqui fora tem o céu
falei com quem mora lá
e não puderam tomar o céu
nem o livre arbítrio que ele me deu



Tomaram os livros sagrados
E incendiaram o ódio
(Mentira x Verdade)
Mas não puderam tomar
os velhos sábios
(que Deus esconde dos malditos)
Que encontro nos caminhos
Me falam sempre baixinho
(mato tem olho e parede tem ouvido)
Dos desvios que cortam caminhos
Pra se desviar do ódio
E encontrar o amor
E o amor não puderam tomar


Tomaram a minha comida
Mas alguém me deu sementes
Nem sei se (Ele) era gente
Tinha um olhar profundo
Com muita pena do mundo
(os homens em procissão
todos com velas na mão
adorando a mentira)
Me disse você tem o cheiro
O sabor
O paladar
Vá menino trabalhar
Isso não podem tomar


Tomaram meu cartão do sus
Um bando de urubus
Por que anulei meu voto
Cada botão que apertava
( aparecia um ladrão)
Com seu riso escrachado
Como se eu fosse burro
Confirmar pra ser roubado
Dei neles a maior canseira
Tomei chá de dormideira
figueira,alecrim cheiroso,
Melão de São Caetano
Que um raizeiro baiano
Me mostrou lá quintal
E quando não funcionava
Orava pra quem é dono
De mim ,de ti e do mundo
Pra confirmar se eu vivo.


Tomaram vergonha na cara?
Não!
Os medíocres não conhecem a vergonha.


Renildo Borges

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