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sexta-feira, 27 de julho de 2018

O vestígio do dia


O dia me pede desculpas
Como se fosse o culpado
Das pedras, distâncias e espinhos
Clareia o meu escuro caminho
E as horas que comigo caminha
Anota tudo em minha lembrança


Eu, um livro escrito por muitas mãos
Negras,brancas e eu mulato
E a maldição de não poder ser feliz
Apenas por eu sozinho
"dependo do seu sorriso"
Por um estreito caminho
onde aprendi a amar
Os rostos feios e os belos
Os quase que sempre inventam
Abrindo a porta do inferno
Da dúvida que há em mim
O desigual e o paralelo
O que é calmo, o aflito
A paz que apaga o conflito
O distante e o achegado
Às claras e o reservado
Os limpos e os com pecados

Mas não sei escrever pelo chão
Enquanto a pergunta afasta
Os que fazem as madrugadas
Pactos com a escuridão
Mas você me atira a primeira pedra
E atinge meu peito aberto
Sem segredos,sem reservas
Nenhum voto de minerva
Com tua roupa tão limpa
Cobrindo tua escura alma

O sangue negro... amarelo
Branco...vermelho carmim
Começa a apagar em mim
O que escreveram as horas
Todas palavras guardadas
Sem seleção ou critério
Eu na porta do inferno
Sem poder provar que sou
Só o vestígio do dia


Renildo Borges

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