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quarta-feira, 4 de julho de 2018

Quando explode a paciência.


Me apontou o dedo e julgou
Como se nunca tivesse errado
Suas palavras rasgaram como aço
As comportas do meu olhar espantado
As lágrimas correram como um rio
Por entre os sulcos aberto pelas intempéries dos anos
Estampado em meu rosto
Por não saber por onde você andou
Em tantas frias madrugadas



Revirei em algum canto da minha memória
E achei entre os conselhos esquecidos
“Setenta vezes sete perdoarás”
Mas você não conhecia o perdão
Se vestiu de vingança
E me apontou a porta da rua
Mesmo eu tendo te perdoado tantas vezes


Olhei mais uma vez para trás
E vi meu carinho
Meu capricho
Por entre as coisas bem arrumadas
Apenas esperando que um dia você me amasse
As pequenas rosas nos vasos nas janelas
Ainda me olharam como se pedissem desculpas


E obedecendo mais uma vez a minha doce mãe
Por que sou obediente
me ergui com porte e elegância
e calmamente contemplei feliz
os teus olhos cheio de ódio
Por eu ter espancado aquela cadela
que nunca lavou sua roupa
nunca fez o teu almoço ou jantar
muito menos pariu algum filho teu


Por fim eu havia despertado algo em você
depois de tantos anos
e não foi o meu corpo surrado
do batente
da labuta
mas de uma sensualidade sem tamanho
que eu como cega sempre entreguei a você
Recolhi acanhada um pequeno sorriso
que insistia em florir em meus lábios tímidos
e fui lá fora procurar um amor
por que os pássaros já cantavam.


Renildo Borges

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