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quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Na feira do bicho homem


Não me pretendo
Por que tudo que espero
É mero
Morre como morre o dia
E outras tantas fantasias
Que cria o homem iludido
Com pecado e sem castigo
Cria seu próprio perigo
Negociando o ódio e a fome
“Um homem com fome mata
Um homem com ódio é bicho”


Antes do meu riso barato
Sem motivo e sem razão
Fui lá fora ver se podia
O mendigo da esquina disse não
Os meninos dormindo num papelão
Uma moça abortando a ilusão
De comprar do traficante
A falsa solução
Um outro estendeu-me a mão
Dei minha alma vazia de alegria
Mas cheia de enorme frustração

Ele tirou os pecados
e minha covardia absoluta
De não comprar nenhum quilo
daquela fome
Na feira do bicho homem
Tirou as tantas vazias desculpas
e a desumanidade para não dar azia
Tentou assá-la no fogo do inferno
Criado pela ganância humana
E riu o pobre diabo
De mim maldito coitado
Olhando aquele homem vazio
Com um rosário na mão e sem meta
Com minha alma não pôde fazer uma festa
Naquela manhã tão funesta.


Renildo Borges

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