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sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Quando encontro a ilusão




Nada é santo
Meu poema acordou de manhã
Sujo de cinzas de amores
cuspindo um verbo encardido
em pétalas murchas de flores

Meu poema correu pela tarde
suja de vento de sangue

Nada é santo!
Quando eu perco o equilíbrio
E me atiro a ilusão...
E o espanto!
Quando alguém recolhe
Meus cacos pelo chão
E me remenda com seu sorriso...

Nada é sagrado!
Quando danço um fado
com a fada que invento
pra fugir da verdade
que queima,
que arde
por entre suas coxas
minha língua
em sua boca.

Tudo é lembrança
No verbo encardido
De tanto ser repetido
De tanto ser vai e vem
De tanto ser de ninguém
De tanto ser bálsamo e dor
De tanto querer ser amor.


Renildo Borges

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