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terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Uma mulher chamado Bahia


Ela me enviou uma carta
era de tarô é claro
mas era uma dama
e não me faça drama
melhor é fazer amor
olhando pra ela
e não pela janela
da imaginação
por ela ter sido minha
por eu ter sido dela


Ela me mandou uma fita
era do Senhor do Bonfim é claro
amarrei no pulso
apulso
não gosto de me amarrar
mas de nada adiantou
foi ela que se amarrou
deslumbrou
Veio cheia de dengo
eu lembro
e pôs as cartas na mesa

Deixei ela ganhar
ser dona
deixei ela ficar
mandona
deixei ela montar
em mim
deixei ela dizer te amo
teti -a- teti
com aquele teu gosto
silvestre

Ela me mandou um xêro
no vento
e um sorriso de manhãzinha
tão claro como o dia
não lamentava disse
arredia
pela empatia
por nós dois naquele dia
pelo tempero baiano
pelo nosso engano
pelas águas de Iemanjá
vindo lá de Itaparica
e ela triste na bica
lavando o cheiro de mim


Renildo Borges

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