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terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Ladainha

O vil metal
Corta me a mão
E o covarde mundo
Se esconde
da vergonha que não tem
comigo há apenas
a companheira da vida inteira
a sombra nunca me abandona
está apenas na escuridão
como eu
quando a luz que tateio
na cruz que carrego
no peito
e aceito
for alcançada
nós duas levantaremos
por que já será manhã

corta me a língua
e o pensamento
sem língua e sem mão
para escrever
pode apenas
voar com o vento
que passar no deserto
de sentimentos escondidos
de falta de abraços
de falta de abrigo
ou qualquer um amigo
corta me a alma
a palavra não
ao conhecimento
ao pão
que gritam os covardes
com alarde
pelos becos escuros da cidade
pelas manhãs e nos fins de tarde
onde os esquecidos
sem nenhuma abrigo
abraçam o medo
e choram.


Renildo Borges

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