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terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Sobre pedras e humanidade


As pedras do caminho
Atire-as
nos preconceitos
Atire-as nas injustiças
Atire-as na fome
nas doenças
na hipocrisia
nas mentiras
que prometeram um dia
os homens brancos
de terno e gravata


Deixem que sangre
como sangra a dor
sufocada pelo medo
nas madrugadas silenciosas
dos barracos
das favelas
quilombolas
nas aldeias
e ribeirinhos
onde só quem ouve
é um Deus longínquo

Quem sabe assim aprenderão
a dor da palavra dita
que remédio nenhum sara
que corta como navalha
o sentimento alheio
(o pão mofando no egoísmo
a morte ao pé da ladeira
esperando as crianças desavisadas
desassistidas de tudo
que chamam de amor ao próximo)
por que todo homem é cego
se não tiver consciência

Nas fontes do caminho
lavem o ódio
lavem os olhos
da hipocrisia
e vejam a alma
Se acalma!
lavem as feridas doloridas
que sempre trazem a vida
por mais que corte caminhos
se desviando dos espinhos
num descuido
num cansaço
vem e corta como aço
as mentiras
as vaidades
e antes que seja tarde
busque pra ti um amor
pra ter com quem dividir
o riso
a dor
o pão
a cama
a alegria
o fruto de sapoti
que caiu lá no quintal
saia desse vendaval
o bem sempre vence o mal.


Renildo Borges

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