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terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Camaleão


Não sou o que disse o moço
sobre os versos que tirei
sobre a dor que vi na feira
nos homens na procissão
e nas mulheres que estavam grávidas
de promessas e ilusão
causou tanto alvoroço
lá na praça da vergonha
com aquela gente enfadonha
cínicos como Antítenes e a raposa
sobre leis e natureza
fingindo que cumpre as regras
que um homem muito distante
escreveu num livro antigo


Não sou o que disse a moça
rubra,aflita e sem jeito
sobre a lua e nós dois juntos
pela madrugada adentro
vivendo do nosso jeito
para o pai que era prefeito
administrador da vergonha
que dava duzentos gramas
pra burros ir satisfeitos
relinchar em outras bandas

Eu sou o que disse o menino
que perspicaz e de mansinho
me descobriu escondido
por detrás do que diziam
com medo do que é mal
que escapa das mãos dos homens
que mata sonhos e pessoas
por qualquer coisinha à toa
e se riu junto comigo
falando dos inimigos
que odiavam o amor
e erguemos muitos muros
cada um para uma mentira
que além de cega,era burra
e já de avançada idade
nunca conseguiu pular
como pulava a verdade.


Renildo Borges

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