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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

“Matutices”

Lá vem a semana inteira
Sete dias ela me dá
Logo no primeiro dia
vou à igreja "rezá"
mas sem entender latim
Fico perguntando a mim
O que que o padre "falô"
Quando vem segunda-feira
Eu me lembro do sermão
quem não "trabaiá" não come
Não quero preguiça não
O galo canta eu levanto
e ele vai "galinhá"
Sete tarefas de mato
Papai deu pra mim "roçá"
Eu "oio" o tanto de urtiga
No mato a me queimar
Você! Vegetariano...
Pensa que é mole "plantá" ?
Dá seis horas e o tempo diz
que é hora de "encerrá"
Mas meu sonho de quimeras
Pede pro sábado "chegá"
Deito numa cama de varas
Num ranchinho beira-chão
Orquestra de pernilongo,
grilos,sapos e corujão
Mal chegou a terça-feira
e eu já tô no "currá"
“Maiada” esconde o leite
somente pra me "zangá"
Mas que vaca sem postura!
Não terás capim- gordura
e nem se o padre "implorá"
Nunca mais serás artista
Nos presépios de "natá"
A quarta-feira é com chuvas
Mas nada de "descansá"
Pitoco latiu no mato
Pra aquelas bandas de lá
Vou pegar a cartucheira
Moço ! não é brincadeira
Tem onça a me "tocaiá"
Quinta-feira chega um cabra
Não sei nem de onde vem
Cheio de conversa mole
É um tal de nhém nhém...
Me pergunta coisa aqui
Me pergunta pra acolá
Me disse que é do censo
Um tal de IBGE
Papai ficou muito irado
Disse-lhes coisas...O diabo
Ele logo deu no pé
Sexta-feira eu me dano
com meu facão jacaré
falta ainda duas tarefas
e ganhei corte no pé
Moço! papai é honesto
Nunca ouses "duvidá"
Vou te contar na surdina
segredo entre "nois" cá
assim ,Sábado eu tô quebrado
Pro baile do arruado
Onde tem uma morena
Por nome de açucena...
Nem sei se devo "contá"
Vou deixar você pensando...
sozinho à "imaginá"
Mas não sejas indecente...
Não tentes "vulgarizá".

Renildo Borges

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