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sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Fogo morto

Onde ficou tudo de mim que eu lhe dei
meu corpo inteiro
meus pensamentos
todos os meus gestos
inteiro afeto
escrevinhados
por contos de fadas
de um livro onde assinei
com você
o meu
e o teu querer


meu fogo novo
que não consomes
e estes nomes
que balbucias
enquanto sonhas
babando em fronhas
de quem será?
em minhas noites tão enfadonhas
teu corpo morto
bem do meu lado
sem ter vontade
qualquer coragem
pra me tocar
eu toda em brasas
e a madrugada a se acabar

minha alegria
as iguarias
sem ter certeza
todos os dias
na cama e mesa
minha utopia de ter você
na minha vida
demais fingida
pra não ter dor
quem bem me quer
longe da deixa
ou qualquer queixa
solta nos ventos
ou diz que diz
nunca me fará feliz

onde ficou o compromisso
a aliança
a festa
a dança
declaração do teu querer
não é você nu
em minha cama
e nem me lembro em qual semana
mas é despir seus sentimentos
dizer adeus
que já não quer
as curvas
os montes e a límpida fonte
do teu oásis abandonado
onde beberá quem vier
depois de você
semeando sementes de flores
pelo deserto de mim


Renildo Borges

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