Eu a vi lá na feira num dia de sol
Cabocla mais linda daquele lugar
E dei lhe um sorriso ,um doce olhar
E ela se foi sem sequer me olhar
Eu a vi lá na missa bem perto do altar
Rezei sete terços pra ela me notar
E os santos calados nem me responderam
O porquê da paixão, daquele desmantelo
Mandei por Toinho uma água de cheiro
Um corte bonito de pano da costa
Pois alguém me disse que disso ela gosta
Mas ela se riu e disse não quero
E diga pra ele parar de lorota
Pedi pra Raimundo da rádio alegria
Tocar uma música falando de amor
Dedicado a ela três vezes por dia
Dizem que ela ouviu calada, sem jeito
Parece que não havia nada no seu peito
Mandei várias vezes alguns buquês de rosa
Bilhete dizendo tudo que eu sentia
Mas ela calada ,indiferente e fria
Mandou me dizer que eu parasse com a prosa
E que se feriu com um espinho das rosas
Fui lá na macumba de Dito Tinhoso
Cabra feiticeiro, muito tenebroso
Que me prometeu dali a sete dias
Que aquela cabocla pra meus braços viria
Aguardei ansioso contando as horas
E me afligia aquela demora
Mas quá!
Nem em pensamento me veio a cabocla,
promessas aos ventos e a boca insossa
Não disse mais nada a ela sobre o que sentia
Fui tomar cachaça pra ver se esquecia
Andei em botecos de noite e de dia
Pelos cabarés da velha Sofia
Mas até as quengas também pressentia
Um dia não sei se por pena ou despeito
Mandou me dizer um tanto sem jeito
Se ainda queria
Se ainda sentia
Aquilo que o povo todo lhe dizia
Me fiz de difícil
Levei sete dias
Pra sentir na boca o gosto
Da difícil Maria.
Renildo Borges
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