Translate

sexta-feira, 8 de novembro de 2019




Quebranto


Me faça um verso
Me diz a dor
Me diz a lágrima
Me diz a fome
No palco imundo
Do submundo
Eu sou poeta

Todos calados
Eu escrevendo
com suas dores
eu me misturo
e os pensamentos
Atrás do muro
Do absurdo
A lágrima
O riso
Amor perdido
Buscando sol

Sete sentidos
Tão escondido
Criando rixa
Falsas delícias
O rosto
O corpo
Estampa o roxo
Na ventania
Do falso up
Pelas vitrines
Que nos oprime

Me faça isso
Me faça aquilo
Um estribilho
Uma canção
Vinda do norte
Muito sotaque
Inveja e riso
Dos quatro cantos
Uma viola
Uma sanfona
Só o aroma
De ser feliz

As folhas murchas
Da benzedeira
Por trás das costas
Se foi quebranto
Ou só espanto
Todo encanto
Na escuridão
Do teu
Do meu
Do que perdeu
O nosso olhar

Branco do dia
Da agonia
De ser meu par
De andar comigo
Olhando o nada
Os olhos secos
Palavras mortas
Bocas murmuram
Mãos para o céu
Todos os sonhos
Pro beleléu
Na escrivaninha
Ainda rascunho
Os surdos homens.

Renildo Borges

Nenhum comentário:

Postar um comentário