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sexta-feira, 8 de novembro de 2019


Dona Generosa


Não foram as palavras
que amaciaram
meu coração duro
e o pensamento impuro...
Foram os teus gestos
Esses teus afetos
Teu olhar de compreensão
O estender das suas mãos

Não foram os perfumes das flores
Que me aliviaram as dores
Nem dissiparam
O bafo fétido da morte
De quem não tinha sorte
Foi tua fé persistente
Teu joelho no batente
Às portas do mundo
E teu amor profundo

Não, não foram as quase amigas
De quem tu falavas
Nem mãos que tocaram meu corpo limpo
Sujando
Manchando
Todo o teu cuidado
Deixando um gosto insosso
O amor abortado
O sonho estagnado

Mas o teu colo
Seu silêncio falando
Tuas lágrimas lavando
As manchas
As nódoas
do que não podia
Uma tal consciência
Que me proibia
Minha total ausência

Minha rebeldia
De noite de dia
Matando teu riso
Tua fé a prova
Te resignando...
Não me apontava o dedo
Essas mãos de mãe
Mas o teu olhar muito carinhoso
sempre me dizia:
Ah ,Rosa!
e me abraçava
mesmo com os meus espinhos
te fazendo sangrar.

Renildo Borges

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