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sexta-feira, 8 de novembro de 2019



Quociente insuportável


Nada é meu
Nem mesmo eu
Ridículo ser
Querendo ser
Não sei se é certo
O livro aberto
Metáfora e fé
Que o tempo leva
E a morte espera
Com uma passagem
Pra uma viagem
Para o além
Além de toda
vã pretensão
de ser alguém
de ser ninguém
de ser um santo
um mentiroso
habilidoso negociador
perdão
pecado
vão lado a lado
pagando o soldo do dia meu
e quem sou eu
domesticado
sem ser alado
as frutas podres
sementes boas
eu rindo a toa
do meu papel
um julgador
um pensador
um dedo duro
um carniceiro
comendo restos do amanhã
que eu matei
por ser quem sou
ódio e amor
noite e dia
igual a dor
ou alegria
quociente insuportável.
Renildo Borges

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