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sexta-feira, 8 de novembro de 2019



Sobre pedras e humanidade


As pedras do caminho atire-as
nos preconceitos
Atire-as nas injustiças
atire-as na fome
nas doenças
na hipocrisia
nas mentiras
que prometeram um dia
os homens brancos
de terno e gravata


Deixem que sangre
como sangra a dor
nas madrugadas silenciosas
dos barracos
das favelas
quilombolas
nas aldeias
onde só quem ouve
é um Deus longínquo

Quem sabe assim aprenderão
a dor da palavra dita
que remédio nenhum sara
que corta com navalha
o sentimento alheio
(o pão mofando no egoismo
a morte ao pé da ladeira
esperando as crianças desavisadas
desassistidas de tudo
que chamam de amor ao próximo)
por que todo homem é cego
se não tiver consciência

Nas fontes do caminho
lavem o ódio
lavem os olhos
e vejam a alma
se acalma
lavem as feridas doloridas
que sempre trazem a vida
por mais que corte caminhos
se desviando dos espinhos
num descuido
num cansaço
vem e corta como aço
as mentiras
as vaidades
e antes que seja tarde
busque pra ti um amor

pra ter com quem dividir
o riso
a dor
a cama
o pão
a alegria
o fruto de sapoti
que caiu lá no quintal
saia desse vendaval
o bem sempre vence o mal.

Renildo Borges

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