Amo os cães vira latas
que como eu são livres das coleiras
que usam os que tem pedigree
que estão sempre por aí
pra onde o nariz aponta
as vezes as cegas e as tontas
decifrando inúteis códigos humanos
que santificam o profano
Amo os gatos escandalosos nos telhados
tentando as gatas no cio nas madrugadas
mesmo eu não tendo nada
invento um amor de olhos claros
abraço sua cintura torneada
e sigo dando risada
indo por qualquer estrada
onde amanheça o dia
e amadureça a esperança
Amo os que só tem o corpo
maltratado e quase morto
mas que conhecem o amor
bruto sem nenhuma flor
regado pela esperança
branca manhã
negra noite
se mistura
no infinito
e aos gritos
os cegos
os egos
classificam
a ou b
Por tudo que fui e sou
utópicas manhãs já mortas
pelos que bateram a porta
na cara
ou pra se abrigarem
da friagem sempre humana
que soprava o vil metal
escravos de classe ou credo
que o homem inventou pra si.
Renildo Borges
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