Translate

sexta-feira, 8 de novembro de 2019



Branca manhã,Negra noite.


Amo os cães vira latas
que como eu são livres das coleiras
que usam os que tem pedigree
que estão sempre por aí
pra onde o nariz aponta
as vezes as cegas e as tontas
decifrando inúteis códigos humanos
que santificam o profano

Amo os gatos escandalosos nos telhados
tentando as gatas no cio nas madrugadas
mesmo eu não tendo nada
invento um amor de olhos claros
abraço sua cintura torneada
e sigo dando risada
indo por qualquer estrada
onde amanheça o dia
e amadureça a esperança

Amo os que só tem o corpo
maltratado e quase morto
mas que conhecem o amor
bruto sem nenhuma flor
regado pela esperança
branca manhã
negra noite
se mistura
no infinito
e aos gritos
os cegos
os egos
classificam
a ou b

Por tudo que fui e sou
utópicas manhãs já mortas
pelos que bateram a porta
na cara
ou pra se abrigarem
da friagem sempre humana
que soprava o vil metal
escravos de classe ou credo
que o homem inventou pra si.

Renildo Borges

Nenhum comentário:

Postar um comentário