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sexta-feira, 8 de novembro de 2019


Quatá - São Paulo 1968 - Parte 2


Deixei meu cachorro Duque
Minha porquinha Tuíca
Meu pé de café de bugre
Bem lá pertinho da linha
Onde passava o Ouro Verde
indo lá pra Rancharia
Sempre as dez nunca atrasava
e eu matutava em minha cachola
deve ser bom ir nesse trem

Deixei o meu pé de ingá
onde tinha marimbondos
eu e minha teimosia
ferroadas e muito tombos
Deixei de buscar café na roça
Para minha avó
torrar no tacho de bronze
Depois socar no pilão
Eu e meus 4 irmãos sentados
na mesa grande,esperando
com os olhos grandes espichados
no bolo de fubá e nas rosquinhas
que vó Ana toda manhã fazia
vontade de pegar uma antes do tempo era grande
mas o medo da palmatória era maior ainda

Deixei a menina moça
Que passava pela estrada
Todo dia pra escola
Com sua saia plissada
Só eu é que namorava
E ela sem saber de nada
Pra vir comer fumaça e vento
Das fábricas e escapamentos
Nesse triste itinerário
Eu e tantos outros otários
Sempre escravos do horário.

Renildo Borges







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