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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Amizade Sincera


O caminho da amizade
Fica numa cidade...
Lá não tem muros ou divisas
Não há lei prerrogativa...
Não há ódio ou falsidade,
Mediocridade ,vaidade
Nem limites de idade
Só a doce liberdade
de ouvir todos os amigos


Alguns ,nos falam de livros...
Nos avisam do perigo
daquilo que é possessivo...
tem uns ,que contam piadas
outros, que choram pela amada
tem uns ,que odeiam a política
uns ,que entram na justiça
pra resgatar a palavra
que dele ,lhe foi roubada

No caminho da amizade
deve haver sempre a verdade
descoberta sobre a mesa
sendo o prato principal
onde , sentaremos em família
por que não somos uma ilha
cercada de preconceito

Então , repare direito
e não aponte defeitos
na palavra ou no sujeito
que chegou um pouco tarde
no caminho da amizade.


Renildo Borges

Simplicidade



Ser feliz é coisa simples
Se você reconhecer
Que o mundo é todo mundo
E todo mundo é você

Ser feliz é coisa simples
Se você souber se dar
Guardar em baús monólogos
Com manhãs dialogar

Ser feliz é coisa simples
Só depende do irmão
Do verbo sinceridade
Nas linhas da tua mão
Ser feliz é coisa simples
Como um riacho a correr
Por entre as pedras... cantando
Para não entristecer

Ser feliz é coisa simples
Se souber equilibrar...
Um pássaro não voaria
Se não houvesse o ar
Ser feliz é coisa simples
Se humilde você for
Reconhecer que o perfume
É uma dádiva da flor

Ser feliz é coisa simples
Se tiver fidelidade
Pelo homem que dizia
Na verdade,na verdade
Nem só de pão viverá o homem.


Renildo Borges

Pela Avenida da Vida


Quando eu passar...
Por favor!
Lembrem-se !
Comigo ,vão as manhãs
Onde um ser com sentimentos
Convidou-me...um momento
Para me fazer feliz ...
Nos braços de uma donzela
Ou de um meretriz

Não me culpem!
Não sou santo...
Quando me tiram do canto
Para cantar o meu canto
Assim como por encanto
Pra ser feliz por um dia...
Até vir a ventania
Não escolho! quem seria

Quando eu passar...
Por favor!
Lembrem-se!
Palavras, são chaves místicas
Abençoadas ou malditas
Que folheia o passado
De um livro certo ou errado
Onde escreves tua vida...
Doce,bela ou dolorida!

Quando eu passar ...
Por favor!
Não me causes estranho horror
Despindo-se da compreensão
Com as tuas regras na mão
Onde cego ,com a tua miopia
Não vê as paredes vazias
Dentro do seu coração
Por favor! Guarde o sermão.


Renildo Borges

O Elevador dos fundos


Diga-me, caríssimo hipócrita!
Se acaso , olharmos o céu!
Tu verás diferente do azul que vejo?
E se haver estrelas,só tu as verás!
E eu não ?
Se estivermos em campo aberto e vier a chuva!
Choverá só sobre mim?


Diga-me ,caríssimo hipócrita!
Se acaso ,comermos uma fruta qualquer!
O sabor da tua ,será diferente da minha?
E a saudade que sentes de algo ou alguma coisa!
Será s diferente da saudade que sinto?


Diga-me, caríssimo hipócrita!
A doença e a morte só visitam a minha família!
E não a tua?
E a palavra Deus! Como soa aos teus ouvidos?
Como? Não compreendeste?


Deixa eu dizer novamente:
Tu és pó e ao pó tornará
Sem título inventados
Sem classe ou cátedra
E serás julgado com a mesma medida que tu medes
Então, desative o elevador dos fundos
Por que o Deus que o criou,não faz acepção de pessoas.


Renildo Borges

Se queres andar comigo


Se queres andar comigo...
Não vejas tão colorido
Os caminhos por onde passo...
dê-me apenas abraços

Se conheces avenidas...
conheço becos e vielas
Se conheces Golden Gate ...

eu só conheço pinguelas

Se apostas em teorias...

eu sou prática todo dia
Se andas em grandes estradas...eu ? 

Só veredas e picadas

Se és um cidadão urbano...

nos campos somos humanos
Se está dentro do contexto...

à margem também é começo

Se queres andar comigo...

sou espelho refletido
Conheço a fome à mesa...

não a tua sobremesa

Conheço o andar descalço...

não importe seu sapato
Conheço a dor da labuta...

para pôr na mesa ,tua fruta

Se não entende o que falo...

deve haver algum gargalo
Talvez da hipocrisia...

então faça terapia

Com a flor que faz teu perfume...

mortas como de costume
Pelas noites pirilampos...

onde semeio nos ventos
Sob o luar do sertão ...

coisas do meu coração.


Renildo Borges

Apêlo


Me deixa estar com você
me ajuda a não me perder
não me excluas do teu meio
não me afastes do teu seio

me permita ser eu mesmo
ter o meu próprio esquema
ser o meu próprio ser
sem temer o teu querer

chorar nos dias de chuva
olhar no espelhos minhas rugas
me aquecer no calor do teu abraço
invadir,quando precisar teu espaço

por favor você que passa
me estenda a mão sem trapaça
me deixa ser e sentir
da melhor maneira que me convir
tudo o que quero na vida
é poder cicatrizar as feridas
poder,enfim poder
simplesmente amar você.


Renildo Borges.

Poematura


Nos livros
sagas
poesias
em mim a reflexão
Áh! voei com a “Utopia..”.
em minha imaginação
Fui “Antônio Conselheiro”
Fui “Zumbi”
Fui “Damião”
toquei “Tambores em São Luis”
com “Bugres do Chapadão”
e fui em “Pedra Bonita”
um “Caçador de Tatú”
e duma vez matei “Quinze”
pra “ Casa Grande e Senzala”
quando em “Vila dos Confins”
namorei uma “Moreninha”
prometendo que a faria “Senhora”
mas veio “O Tempo e o Vento”
“Raízes” apodreciam no chão
Pois não havia um “Apanhador de Sonhos
no Campo de Centeio” por todo “O Continente”
lutando pelo “Tronco do Ipê “
vi um certo “Capitão Rodrigo”
pedi conselhos a “Til ( O Sertanejo )”
se eu devia ir para “Luanda,Beira ou Bahia”
mas desconfiei do seu “Sorriso do Lagarto”
e dei no pé com “Rosinha em Minha Canoa”
pelo “Arquipélago” “Martim Cererê”
chegando em “Tendas dos Milagres”
entreguei ao “Mulato” um recado
pra “Maria Bonita e Lampião”
não irem ao “Cais da Sagração”
pois havia lá uma “Tocaia Grande”
montada naquele “Cortiço”
que fossem para “Terras do Sem Fim”
que em Ilhéus “Quincas Berro Dàgua” esperava
sem medo da morte e a morte
Mas que não demorassem muito
pois “Teresa Batista” estava “Cansada
de Guerra do Fim do Mundo”
conheci “Luzia homem”
com ela trilhei “Grande Sertão; Veredas”
em busca do “Riacho Doce”
que ouvimos falar que havia em “Canaã”
nessas “Léguas de Promissão”
encontramos “Tieta do Agreste”
que em noites de “Angústia”
orava a “São Bernardo” por seu “Moleque Ricardo”
na fogueira o “Fogo Morto”
e “Nas Cinzas das Horas”
as lembranças de “Dom Quixote de la Mancha”
com seus “Cem Anos de Solidão”
contara-me “As Mil e Uma Noites”
em que “Sherazade” em suas “Memórias do Cárcere”
contara sobre o “Simbad ( o marujo )”
“Aladin” e sua lâmpada mágica
quando ali babou e “Os Quarenta Ladrões”
pintaram o sete
mas “De Repente não Mais que de Repente”
vi “O Coronel e o Lobisomem”
por trás do “Meu pé de Laranja lima”
ai ! meu “Ninho de Mafegafe
cheio de Mafegafinhos”
“Que é isso companheiro?”
Peguei um trem pra “Pasárgada”
onde sou amigo do “Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda”
lá tem prostitutas bonitas para a gente namorar
não quero ter pensamentos..vontade de me matar
pois no tempo de eu criança vó Ana vinha contar
sobre “A Megera domada” do “Mercador de Veneza”
lá ganhei o título de “Dom Casmurro”
por dar “Uma Volta ao Mundo em 80 dias”
Na viagem vi “Cecí e Perí”
fugindo da “Guerra dos Mascates”
em seu “Navio Negreiro” sobre “Espumas Flutuantes”
e naquelas “Cidades Mortas”,as “Floradas nas Serras”
num “Traduzir-se” “Sem Vagas” indagava
“Por onde andou meu coração ?”
Quando “Os Corumbas” escaparam da “Morte e Vida Severina”
na “Terceira Feira” com destino a “Pedra do Sono”
com a ajuda de “Pedro Malasarte e Cancão de Fogo”
em seu “Pavão Misterioso”, Êita “Bagaceira” ! fiquei a imaginar
e mesmo com “O Triste fim de Policarpo Quaresma” no “Incidente em Antares”
Áh ! sua “Felicidade Clandestina”
e seus “Laços de Família”
“Zé Brasil”
“Pai João”
“Bertoleza”
“Luciano”
eram “O Clã dos Jabutis”
No “Sítio o Pica-pau amarelo”
esperavam eles que a “Água Mãe”
do poço do visconde
trouxesse “Pureza” para as “Vidas Secas” de “Caetés”
então os “Jecas-tatú” ouviriam “Canções”...
“Vaga Música” no nosso “Mar Absoluto “
de histórias e “Sonhos”...
Mas havia ainda “O Crime de Padre amaro”
no seu “Leito de folhas Verdes”
Com “O Primo Basílio”
procurei “Um Sargento de Milícias”
e lhe contei da sua “Inocência”
mas “Sargento Getúlio” não quis nem saber
disse que “O Imperador do Acre”
queria “O Nome da Rosa” que deu “O Sumiço da Santa”
“Serafim Ponte Grande” também interveio:
-Isso é coisa de “Macunaíma”
“O Bom Criolo” queria “Apenas um Lugar ao Sol”
apesar de sua “Alma Inquieta”
sempre foi de “Amizade Sincera”
com sua “Teologia do Cativeiro e da Libertação”
no “Cortiço” a sua “Igreja se Fez Povo”
mas no “Ateneu” os canalhas estavam reunidos
inclusive “Torquemada” e sua maldita inquisição
para “Os Miseráveis”
Tristonho vi que “A Noite Dissolve os Homens”
com seus ternos de vidro
“E Agora José ?”
É ! “Faz Escuro Mas eu Canto”
e por isso eu digo sim..”VIVA O POVO BRASILEIRO.”


Renildo Borges

Teatro de Guerras


Vivo de tristezas e sonhos
Roteiro...
vem do poder
Um tanto estúpido
eu interpreto
meu cansado amanhecer
maquinalmente faço coisas
cumprindo as ordens do dia
e jogo em arquivos mortos
o amor que o próximo queria

sem a genealogia bíblica
não descendo de adão
rastejo que nem serpente
e na guerra eu mato o irmão


Vivo de silêncio e tenso
com grandes guerras sem fim
mapas tortos,obsoletos
com divisas de Caím
Dirigido eu interpreto
nasci pra representar
o teu texto incoerente
e a tua visão vulgar


Não ganho prêmios, nem méritos
nem sonhos no coração
sou ator de dramas sujos
da tua podre produção
Mas lembre-se representamos
um dia posso mudar
a fala do teu script
pro mocinho te matar

Uma canção para Ana


A Luz do teu olhar já se apagou...!
Os pássaros me contaram tristonhos numa tarde
Procuro desesperadamente por você dentro de mim
E então ouço a canção da tua voz...
“Eu fui no tororó beber água,não achei...”


Minhas irmãs ainda brincam de roda
Escondidas pelas madrugadas da vida
Para que ninguém riem delas
Por que o vento ainda nos traz a tua canção de sonhos...


Contemplo as flores que plantastes.
Mas já não há perfume nelas
Os jardineiros a quem tu as entregastes
Não foram cuidadosos como pareciam ser.
Mas tuas sementes se espalharam...


Esvazio meu coração das lembranças
Para caminhar...
Por que tu me dizias que amanhã ...
Áh ! A manhã apenas sussurra no meu rosto
Que de ti ficou apenas as lembranças
Do teu amor para seguirmos em frente.


(In Memórian ) (Para minha amada avó: Ana Maria de Jesus)


Renildo Borges

Circo Círculo


A mesa posta não diz
respostas que eu quero ter
Nem só de pão vive o homem
me perco em noites insones
onde eu sonho claros risos...
crianças...
Um ancião caminhando...
com bolsas de esperanças


Mas ao toque da alvorada
com espirais de tolices
vejo o velho mundo velho
e um lixo chamado elite
"Amor meu saudoso amor
pra que sonhos,pra que dor
cortaram em sete pedaços
o sonho que você sonhou"

A mesa posta e as moscas
num zumbizar em toadas
engulo um pouco do sangue
das crianças mutiladas...
dos velhos que morrem
à míngua nas filas da madrugada
com nosso olhar complacente
e nossa suja risada...

A mesa posta e o vinho tinto
como o sangue que esguicha
no natal dos miseráveis...
comemos a porca política
mas em seguida eu vomito
a frustração que eu ganhei
vivendo no círculo circo
de Galileu Galilei...EI!!!!!.


Renildo Borges

Eu Seria


Eu seria ...
Se não fosse o medo
Se eu tivesse asas
Pra poder voar
Eu seria...
Se eu fosse grande
E tivesse a fúria
Desse imenso mar


Eu seria...
Se eu não dependesse
Se eu fosse o Vento
Se eu andasse só
Eu seria...
Se não fosse o jogo
De cartas marcadas
Pelos tribunais


Eu seria...
Se não fosse o ódio
Dos que se perderam pelos vendavais
Eu seria ...
Se não fosse a dúvida
Se eu fosse a dádiva
Se não fosse a vida
Divisas e muros
E o grito no escuro


Eu seria...
Se não fosse narciso
Corrente dos egos
Se eu fosse cego
Se não fosse a lista
Eu seria...
Se não fosse a minha
Se eu fosse a tua
Se fôssemos um só


Nessa madrugada
Beijar tua boca
E ver nos teus olhos
O nascer do sol.



Renildo Borges.

Em nome do Próximo


O poeta caminhava...
rastros profundos no chão
o fardo das dores dele
e as tantas dos seus irmãos


O poeta escrevia...
pra aliviar a tensão
escrevia as dores dele
e as tantas dos seus irmãos

O poeta e suas quimeras...
loucas ,doidas fantasias
que palavras soltas aos ventos
a dor aliviaria...

O poeta teve uma ideia
e pôs o plano em ação
juntou todas as dores dele
e as tantas dos seus irmãos
colocou tudo no livro
e quis vender pro patrão

O poeta recusado...
acordou da ilusão...
Quem comprou as dores dele
foi os seus próprios irmãos

O poeta foi a igreja pedir a deus
solução...
para a dor agora dele
e as tantas dos seus irmãos


Renildo Borges

A dança da vida


Deixem-me dançar com os lobos,,,
numa noite de lua cheia
Deixar molhar o meu corpo...
numa dança louca e sem nexo!
Será que é louca?
Será que não tem nexo?
Não,creio que não!
Porque lobos não matam suas presas 

e as deixam apodrecer ao sol...
lobos matam por uma necessidade natural..por instinto
Enquanto os homens matam por ganância e ódio...


Deixem-me dançar com os índios...numa noite tupi-guarani
deixar molhar o meu corpo,falando de um Deus Tupã
Numa dança estúpida e sem nexo!
Será que é estúpida?
Será que não tem nexo?
Não,creio que não!
Porque índios andas nus,sem taras e pornografia
Porque índios dividem alimentos,o que é de um ,é de todos
Não existe um índio mais rico que outro índio,
como os brancos ditos civilizados

Deixem me dançar com os nordestinos...
maxixe,bumba meu boi e forró
Numa dança brega e ridícula!
Será que é brega?
Será que é ridícula?
Não,creio que não!
Porque bregas e ridículas são as notícias
que em bancas de jornais
balançam aos ventos:
No nordeste morre mil e quinhentas crianças
de fome e desnutrição
No nordeste (salvador e Recife)
Morrem de três a cinco crianças assassinadas
por grupos de extermínio pagos pelos
comerciantes e donos do poder
sujo e corrupto...

Seus corpos são jogados em fazendas,
onde apodrecem sobre o chão
Fertilizando a terra dos senhores
que não produzem alimentos,
mas sim capim para seus cavalos de raça
Deixe-me dançar com os ventos...
onde minha dor transformará em canção
e os ventos nordestinos a levará pelos
campos eternos de solidão
porque lá descansam as almas
assustadas das crianças inocentes.


Renildo Borges

O Primata e o capiau


Meu amigo esclarecido
com diploma de doutor
Hoje estou a me lembrar
daquilo que me falou

Encontrei o tal sujeito
aquele teu ancestral
De firula pelo palco
do circo da teoria
Mas se moço,ele não tem
teu jeito intelectual
e também não fala favas
fica trepado no pau

Meu amigo esclarecido
cátedra em antropologia
venha cá buscar o bicho
já que és um descendente
Pegue teu avô primata
e faças a evolução
Mas traga muita banana
ele odeia chá das três
Principalmente o importado
lá da ilha do inglês

E tragas um papagaio
que fale bem português
Para interpretar o bicho...
Eu sou só um capiau
e não tenho o dom das letras
etc... coisa e tal.


Renildo Borges

Ao pó


Olhando a vida... vi casas,
vi barracos e mansão
homens justos,outros nem tanto
espalhados na amplidão


Olhando a vida...vi fotos
homens simples,homem de tal
Olhando o pó...vi as cruzes
vi que era tudo igual

Olhando a vida...vi carros
um ferrari
um fusquinha
em todos eles a ferrugem
que vida pequenininha...

Olhando a vida...vi cães
vira-latas
doberman
na madrugada...latidos!
Qual que ladrava?
Tarzan!

Olhando a vida e o preço
do mercado da ilusão
ri estúpido e satisfeito
não tive classificação.

Renildo Borges

O Lusco e o Fusco


Chorem a morte das estrelas...
que não te conhece
mas chorem também o vazio dos apagados
nos becos
nos guetos
vielas
nos campos
favelas


Batam palmas para as estrelas...
de brilho frio e distante
Mas batam palmas também para ressuscitar
os que rastejam que nem serpentes...
pesados são os fardos às suas costas


Mandem flores para as estrelas...
que não precisam, já que se acham deus
Mas mandem também para perfumar
aqueles que suam em seu dia a dia
e ao chegarem em casa, nem roupas tem para trocar


Mandem cartas para as estrelas..
que nunca leem
Mas mandem também "com desculpas" para aqueles
que em pura inocência acreditaram na carta magna
repleta de lacunas e mentiras interpretada ao bel-prazer


Admirem as estrelas...
e seus contratos milionários
Mas admirem também
aqueles que do suor dos seus rostos
brotam o pão nosso de cada dia


Peçam bis para estrelas
Mas não peçam bis pra nossa estupidez
nem para nossos prazeres patéticos.


Renildo Borges

Extra Humanidade


Me deixem viver como eu quero
se o rio é fundo...
aprenderei a nadar
Brilho de ilusão só cega
aquele que vive na escuridão...


Não me digas o que é certo
a transparência também é vazia

Aprendi a caminhar com o vento
no pensamento,carrego o perfume de muitas manhãs
por isso posso rir ou chorar do que se passou
Sei que me perdi por aí,mas tantas vezes também me encontrei
em risos calmos,em abraços macios...
Mas o que seria eu? se não tivesse tentado
que lembranças teria?

Tremi em momentos de escolhas
por que sou poeta e todo poeta é louco
Quero escrever o que sinto
mesmo que palavras como estas
não traduzam o meu coração

Ah! dê-me suas mãos enquanto é tempo
esqueça as dores e os dissabores
para o encontro do olhar e o contato
para a comunhão da vivência que nos devolve a humanidade
sejamos amigos,irmãos ou namorados para a vida continuar
e não enlouquecermos doutrinando nossos olhos
por obscuros conceitos,que jamais foram claros como as manhãs
me deixem viver como eu quero.

Renildo Borges

A estrela da noite


Assim que ela chegou e me viu...recostado na minha tristeza...
Me fitou uma ,duas, três...várias vezes, até que eu a notasse...
Lá fora a noite estava escura e chuvosa e eu a fitar aqueles olhos
lindos,cintilantes...Zás de repente notei que não era mas só seu olhar dentro de mim
Fiquei sem jeito,tão acostumado a solidão que eu tinha comigo ...
Pensei em chamá-la para dançar,mas tive medo
Fechei os olhos para não vê-la mais ,mas não funcionou


Via teu sorriso,teu corpo sensual num bailado de luz e o teu olhar
Quanta covardia cometi naquela noite! o medo da tua beleza auxiliado
pelo meu pessimismo, fez me esconder atrás de copos de cerveja e baforadas de cigarros
Comecei a pensar...logo eu ...que escrevia poesias,falando de amores outros...
Tal qual entes prenhe de amores...e almas felizes...comecei a rir de mim mesmo
Percebi que o tempo não apaga o decorrer de si próprio,

tal como no futuro,o presente é passado...

Começou a sessão de músicas lentas,caminhei até a metade do caminho para convidá-la
mas desisti,ao ver tantos rapazes serem recusados por ela...
resolvi não mais me torturar e fui embora...
No ponto de ônibus aguardando o 474,tremi quando ouvi atrás de mim a pergunta:
-Você pode me informar as horas? 

Me virei para responder,não que eu tivesse arrumado coragem alguma,
só queria ter certeza que era ela,eram três da manhã e a noite se seguiu com lábios se encontrando.
fervorosos,ávidos de sede um do outro.


Renildo Borges

Entre pedras


Há ali...logo depois...
da curva do amanhecer
a sombra do que eu era
que alguém plantou pra você

há ali... logo depois...
da flor que cresce sozinha
entre pedras sem acesso
no pontal de manhãzinha

há ali... logo depois...
o desejo de te ver
e a sombra do meu silêncio
fugindo com o anoitecer
Há ali...logo depois...
das coisas que desconheço
tempestade em dia claro
uma pedra um tropeço...

há ali...logo depois...
bem perto de onde eu vim
a mão apagando o quadro
de um desenho sem fim...
há ali...logo depois...
da saudade...da tristeza...
um poeta espalhando
esperanças sobre a mesa.

Renildo Borges

Vidraças


Nada acontece lá fora...
Só o tempo à caminhar
alguns brincam de juízes
outros réu
reles
vulgar
Na burrice coletiva
pluralidade extensiva
para trouxas estudar


Todos seguem o manuscrito...
Poucos tornam-se malditos
apenas por discordar
eu apenas singular


Nada acontece lá fora
Quem julgou...
Quem vai pagar...
Só poetas no porão
Questionam a lição
que tentam nos ensinar

Os fantoches de batinas
togas
fardas
o que que há ?
Imaginam que são deuses
com poder pra condenar
Outros homens apenas Judas
que comem migalhas sujas
do poder de vosso altar

Nada acontece lá fora
é apenas meu olhar
olhando brigas de raças
filosofias baratas
estampadas nas vidraças
pra o ódio incendiar.


Renildo Borges

Vosso Reino


A dor vai rasgando a noite...
componho versos sedentos
a ira colando a alma
de papel...solta ao relento


Muito além dos esquecidos
da dor que deram de herança
ouço o riso de canalhas
apodrecendo esperanças


E lágrimas molhando a noite
em roças
vilas
favelas
E um arco-íris distante
brilhando em poucas janelas

daquelas que nada fazem
grandes bocas parasitas
quer do vale dos vencidos
alimento pra preguiça

Que brotam em mãos cansadas
adubadas de tristezas
de viver como escravos
sem comida sobre a mesa

Muito além da grande estrela...
que brilha longe de nós
lembrem-se somos espelhos
sem a imagem de vós.


Renildo Borges

Vago Sonho


Bom dia !
Por onde andas...
Que o sol aqueça teu dia
Que os pássaros cantem pra ti
E se tens amor...sorria !”


Bem vindo de onde vier
Traga pra nós alegria...
Junte teu canto ao nosso
Cantemos saudando o dia


Boa noite! Tu que chegas
Traga o pão de cada dia...
Mas se o perdeu no caminho
Pede ao próximo
Sem remorso
Sem ódio
Sem utopia


Parabéns ! vocês que ri
Dê-nos abraços
Nos conta
Como fugiu da tristeza...
Onde mora a esperança ?


Benditos ! todos que amam
Que dividem
E são fraternos
Não temais pois o caminho
Nunca estarão sozinhos.



Renildo Borges

Queixa


Desço as escadas da minha vida
o elevador que o homem inventou
não é a solução para as minhas pernas
sei que o poço escuro e sujo dessa cidade
me afeta...e muito
Ah ! como eu queria correr em campo aberto
onde não há fumaça,será?
ouvi dizer que estão queimando as florestas...
matando os índios...poluindo os rios!
Ah senhor ! onde vou agora?


Por aqui há atropelamentos,
o sangue humano escorrendo
enquanto a máquina maldita foge tranquila
aqui brilham estrelas patéticas na tv
ofuscando a minha visão
que quer apenas ver os raros rostos
daqueles que ainda acreditam em ti
os políticos sujos e corruptos dizem:

É o progresso...no futuro...
Droga! não quero saber de futuro..
quero viver e sentir plenamente agora,
nesse instante,não quero saber de promessas


Enquanto cientistas se trancam em seus laboratórios infernais
pesquisando bombas,armas,remédios ilusórios...
minha paciência já está por um fio
Senhor; dê-me um riacho,uma casinha de palha e uma árvore
para que no futuro eu te reconheça e diga
Bem aventurados os que acreditam em ti
pois jamais estarão sozinhos.



Renildo Borges

Cansaço e Solidão


Estou cansado...
estou muito cansado
no breu do asfalto meu olhar se perde
É noite ! Meu Deus ! quero escrever o que sinto...
Ah ! mas o que eu sinto é tão imenso...
que palavras como estas não bastarão


A solidão invade o sono que eu não tenho
É tão triste ser poeta...
Amanhã ela vai acordar ,banhar seu corpo...
o sol iluminará a beleza de sua existência,
seu olhar dará mais cor e perfume às flores
Ah ! de nada vale escrever o que não é verdade
é só um amor fictício...


Nenhum grito pode varar minha solidão
ou ferir a escuridão desses meus olhos tristes
Ah ! se a morte viesse conversar hoje a noite, certamente
venceria o meu instinto de sobrevivência...
Ah ! mas nem a morte quer vir conversar !
Lá fora ,os ruídos dos motores anunciam
que a vida continua longe do meu próprio medo...
Eu sou um poeta qualquer,formado pela universidade da vida
sem nenhum diploma...


Ah ! muito poucos sabem que eu existo
que sei amar profundamente...que faço poesias...muito poucos
Mas, se não fossem esses poucos,de que me valeria ser poeta ?
Ah ! valeria muito se alguém me amasse como eu amo...
Que me tirasse do nada,acrescentado a tantos outros vazios...
Ah! se assim fosse, eu andaria firme,mesmo com os sapatos
gastos por ter percorrido tantos caminhos,mesmo com a lama
da tristeza cobrindo os meus calcanhares...
Estou muito cansado.


Renildo Borges

O Expresso da meia noite


A lua cheia lá fora
Em mim um grande vazio
Maré vazante levando
Meus sonhos por entre rios
Cachoeira
Rio de Una
Cururupe
Maruim
São águas amargas e triste
Correndo dentro de mim


A lua nova lá fora
Em mim uma velha saudade
A maré cheia trazendo
Você quando morre a tarde
No morro do Pernambuco
Cais de Una
No Pontal
Espero que Oli vença
A tempestade do mal

A lua míngua lá fora
Em mim cresce a tristeza
E a maré vazante leva
Meu sonho na correnteza
Eu já cansado me deixo
Não tenho amigos,nem pais
Caminho só no caminho
Sou singular
Sem plurais

A lua cresce lá fora
Eu sou descrente de tudo
No expresso da meia-noite
Olho a lua triste e mudo.


Renildo Borges

O vendedor de mentiras


Um vendedor de mentiras...
Um comprador de ilusão...
mercadoria
a menina
sozinha
na escuridão


Um vendedor de mentiras
Um comprador sem respeito
a mão imunda apalpando
as nádegas
as coxas
os peitos


Um vendedor de mentiras
Um comprador de ilusão
O vil dinheiro maldito
passando de mãos em mãos

O que compraste?oh maldito !
o medo?
a fome?
a fragilidade?
Quanto custastes estas horas ?
nesse mercado covarde !

Tinha doze ou treze ...
cansados anos no rosto
Felicidade ?
quimeras...
Apenas dor e desgosto
Podia ser nossa filha.
podia ser nossa irmã.
possivelmente uma órfão
qual ave de arribação...
Mas quem sabe um sorriso
um dia eu possa ver
das meninas em passagem
por casa de zabelê.


Renildo Borges

A Rosa e o tempo


Paixão...é noite e meu coração se cala...
Pois a fala da noite é maior que minha solidão
e menor que a minha dor...

Debaixo deste céu enluarado
eu queria que estivéssemos juntos...caminhando devagar
em busca do amanhecer,que virá com o sol para iluminar
nossas palavras e o nosso destino...


Creio na tua mão quando se prende a minha,porque então sou feliz
como uma criança...
E as rosas se abrem dentro da minha escuridão...gosto de te chamar de paixão...
de cruzar a minha angústia com teu olhar limpo...


Sei que a esperança acordou e creio na tua boca quando se cola a minha
Sempre lembrarei de você com a mais terna lembrança
Você que me ensinou um dia,que o sorriso marca mais que a ferida...
Volte logo.



Renildo Borges

Murais


No muro da minha dor...
O céu nublado limpei
das escuras nuvens que haviam
com o giz da paz que ganhei

Do riso dos inocentes
das crianças
dos palhaços
dos que não podem falar
dos fracos que viram aço

No muro da minha dúvida
quis estrelas
eu quis luar
pra iluminar os caminhos
dos que andam tão sozinhos
mesmo andando em par

No muro da esperança
ouço um canto criança
daqueles que não fugiram
e ensaiam uma nova dança

No muro de tantas fé
guardo apenas teu olhar
nenhuma palavra dita
nem dedos apontando o além
nenhuma palavra escrita
em nome da vida...amém.


Renildo Borges

Mercado das ilusões


No mercado da ilusão
eu compro roupas bonitas
sapatos
acessórios
perfumes
Eu compro tudo isso
porque tenho que ser bonito
beleza falsa
exterior !

se assim não for
elas não dançam comigo
verão apenas o que está por fora
não estarão dentro de mim
por isso não perguntarão
das minhas lembranças
do meu jeito de ser
o que eu sou


No mercado da ilusão
eu compro cigarros
drogas
bebidas
e carro, a máquina perfeita
que fascina e mata
se assim não for elas não namoram comigo
Ah !...elas não sabem
que cada por do sol se esvai o dia
e com ele o tempo
tempo que destrói
as roupas e sapatos
os carros e os vícios
que driblam a nossa atenção
gerando complexo que desviam
nosso olhar e a verdade
para a beleza interior


Ah !...elas não sabem
que o tempo engole..
devora as paixões da vida
as belezas carnais e as vaidades
Ah !...elas não sabem
que o tempo só não destrói
a canção do vento e o murmúrio do riacho.



Renildo Borges

Um canto tarde


Sou poeta nas manhãs
quando aqui tudo clareia
minha alma busca o claro
minha escuridão alheia

Sem licença eu digo versos
se acalenta...
se maltrata..
Coração sentido inverso
ama coisas abstratas
saudades...

Sou poeta desse sol
quero um brilho magistral
mesmo sendo entre sombras
sem sabor,sem doce ou sal
Mas quem sou de madrugada...
sem o brilho das pessoas
sou você,sou todo mundo
quando me perco em dores
por amores...

Procuro em vão pelo céu
se tem brilho esta saudade
mas só ouço o escuro véu
que me diz...é tarde...é tarde


Renildo Borges

Independente é a morte


Te achas independente...
independente de quê ?
se tu comes
Se tu vestes
Quem faz roupas pra você?


Te achas independente...
independente de quê ?
se tu vestes
se tu comes
Quem que planta pra você ?

Te achas independente...
independente de quê ?
ouves músicas
lê romances
Quem te ensinou a ler ?

Te achas independente...
independente de quê ?
lê romances
ouves músicas
Quem que canta pra você ?

Te achas independente...
independente de quê ?
acaso nasceu sozinho
não contaram pra você
Te achas independente...
independente de quê ?
se precisamos de um outro
pro amor acontecer...

te achas independente...
independente de quê ?
nós dependemos de DEUS
para o dia amanhecer
grande ser.


Renildo Borges

Mutáveis


Vivo de relação com pessoas
por isso...frágeis
quebráveis
Construo relação a vida toda
e quanto mais eu trabalho
Percebo a fragilidade
As vezes até substituição


Dizem que sou inteligente !
Mas não é o que parece
Às vezes sou infantil
Às vezes sou utópico
E são raras a mutualidade idealística

Dizem que eu amo demais...será ?
Acho que só quis amar
Meu coração quer aprender a ser pedra
Com medo do amor e paixão juntos
Às vezes são fortes,intocáveis,indestrutível
outras vezes perfeito,falso,mutável

Não sei porque eu escrevo isso...
Nem à nível de que, quero me desculpar
O amor não é sereno como os passarinhos
Nem feroz como os tigres de Bengala
Acho que me perdi...nem sei falar de amor
Mas espero que seja por pouco.


Renildo Borges

Em cada canto de mim


Em cada canto de mim
guardei tristezas...
Não por termos passado
tantas necessidades juntos
Mas por não poder te dar
a paz que seu coração procurava


Em cada canto de mim
guardei saudades...
Não porque tudo era maravilhoso
Mas porque tu és o meu maravilhoso pai

Em cada canto de mim
guardei lembranças...
das muitas vezes que te vi tão triste
das raras vezes que te ouvi cantar
de todos os dias você trabalhando
mesmo com tão pouco ganhando...

Em cada canto de mim
guardei a fé...
das muitas vezes que te ouvi rezar
das tantas vezes tu na procissão
com teu olhar sofrido...
e teu sonho na mão

Em cada canto de mim
guardei o orgulho...
do enorme respeito
que os de bem lhe tem
da tua luta incansável
em busca do que não vem...

Em cada canto de mim
guardei esperanças..
que mão do senhor
seja a tua balança
nesse contrapé
nessa contradança

Em cada canto de mim
guardei tua história
pra contar aos meus filhos
que tu és um forte
dizer aos meus filhos
da tua labuta
nessa dor que é longa
nessa vida curta

Para meu Pai: Francisco José dos Santos

Renildo Borges

Amores do meu lugar


As águas do rio de Una,
nas cachoeiras a cantar
Parece com a vó Ana,
cantando pra me embalar

O barulho dos meninos,
brincando na Edgar
parece quando eu tinha,

um sonho para sonhar
No lugar onde eu nasci
engatinhei e cresci
brincando aqui e acolá
ouvindo lindas canções
do cantador sabiá

Hoje porém bem distante
tão longe desse lugar
Ouço as vezes uns instantes
meu coração a sonhar
sonhando com meus amores
amores do meu lugar

Hoje porém bem distante
tão longe desse lugar
as vezes o bom carteiro
me trás notícias de lá
na carta todos pedindo
pedindo pra mim voltar
pra junto dos meus amores
amores do meu lugar.

Renildo Borges

Em Fortaleza distante


Matei as rosas que haviam..,
com veneno das palavras
Mas você teimosamente...
sempre para mim plantava
Não sei a troco de quê ...
eu sou só desarmonia

Em fortaleza distante... 

A guerreira me dizia:
-Veja as águas do riacho...

como contorna as pedras!
Murmurando saúda as flores...

às suas margens...todas belas!
Suas cristalinas águas refletem na amplidão
A paz do dia em nuvens brancas,a luz do sol,a razão...

E no silêncio da noite...estrelas na escuridão
Mas não deixa de correr buscando sua paixão
Não foge do seu destino, sabe que se perderá no mar
Não lamenta...apenas chora durante a queda...as cascatas
Em fortaleza distante...ela ainda manda cartas

Citou-me “Saint-Exupéry” falando de amizade
O pequeno príncipe e a raposa dialogando na tarde
Disse-me que ama as flores e o sussurro do vento...
O cantos dos passarinhos o poeta e seu lamento.


Renildo Borges

Espelho do Tempo



A tempos que não olho o espelho do tempo
Pra ver se algo mudou...
A tempos que não olho os jardins
Pra ver se a primavera chegou

Mas hoje sentindo solidão
Eu tentei um poema de um jeito formal
Desculpem... só saiu lamentos
Lançados aos ventos dessa capital

A tempos eu não olho o espelho do tempo
Pra ver se algo mudou
A tempos eu não saio às ruas
Com medo das armas que o homem inventou
Para quê? Me pergunta você...
Para quê? Eu não sei responder!

Mas hoje sentindo a sensação
Que eu sou a ilusão
E que tudo é normal
Desculpem só saiu lamentos
Só fiz um retrato da vida atual
Desculpem só saiu lamentos
Pelas madrugadas dessa capital.


Renildo Borges

Imagem e Semelhança


Em nome do próximo
Eu quero as manhãs
Não aquelas manhãs
Em que o brilho verdadeiro
Se esconde atrás da escuridão
Das grandiosas nuvens


Em nome do próximo
Eu quero as manhãs
Não aquelas manhãs de ventania
Em que só os pequenos arbustos
São arrancados e levados a vagarem em vão
E suas folhas ,flores e frutos se perdem pelo caminho

Em nome do próximo
Eu quero as manhãs
Não aquelas manhãs de garoa
Onde a lama se torna mais densa
Colhendo pequeninas gotas
Que caem num bailado triste e frio

Em nome do próximo
Eu quero a manhã onde o brilho da luz
Penetre na mais densa e escuridão
E todos então poderão ver
A imagem
A semelhança.

Renildo Borges

O Aprendiz e o Ancião


Eu caminho pelo mundo...
Estradas ,veredas, ruas...
Colho sonhos em teu olhar
Sem máscara te vejo nua

Sem verdade absoluta
Sem rédeas, marca ou chicote
Só um riso cristalino...
Driblando a dança da morte

Eu caminho pelo mundo...
Como o vento e a esperança
Colho o calor do seu corpo
Levo saudades...deixo lembranças

Eu caminho pelo mundo...
Ganho do velho ancião
As páginas do dia a dia
Da tua larga visão

Eu caminho pelo mundo...
Buscando a mão que levanta
Os que caem ,os que tropeçam
Na viciada balança...

Eu caminho pelo mundo
Pra onde ? não sei dizer!
Mas depois do horizonte
Sempre existirá você.


Renildo Borges

O Poeta e o Sonho


Um dia eu quis ser o sonho
Que você disse ter sonhado
Um dia eu quis ser o mar
Beijando o seu molhado


Um dia eu quis ser o vento
Pra levar comigo o teu canto
Um dia eu quis ser seu par
Na dança,nesse teu encanto

Um dia eu quis ser sua vida
Um dia eu quis ser seu amor
Um dia eu quis ser seus passos
E o caminho que você andou

Eu sei que quis ser o seu tudo
E sei que hoje nada sou
Eu sei porém não fico mudo
Pois meu coração falou

Transforme tudo em poesia
Um dia ela vai te amar
Não chore porém se um dia
Ela com outro casar.


Renildo Borges

O Tempo


Oh tempo me dê um tempo
Tempo passe devagar
Tempo ainda sou criança
Tempo eu só quero brincar


Não me fales em matemática
Ganância ...multiplicar...
Subtrair da miséria ...sem nada adicionar
já aprendi dividir ,o resto vou cabular

Oh tempo me dê um tempo
Tempo passe devagar
Não me fales em gramática
Advérbio de igualdade...
Substantivo abstrato
Quero é proporcionalidade.

Renildo Borges

Os meninos do Sertão


Queria aprender a ler
Mas seu caderno é sertão
Seu lápis uma enxada,
Foice, marreta, facão...


Os meninos moram longe
Da Bahia ao Maranhão
São meninos nordestinos
São meninos do sertão

Os meninos já nasceram
Marcados com a lei do cão
Em plantações de sisal
Tantos já perderam a mão

Os meninos às vezes choram
Os meninos às vezes ri
Os meninos às vezes voam
Com sonhos de bem-te-vi

Tantas vezes são de pedra
Tantas vezes são de aço
Tantas vezes desafiam
Os fortes que são tão fracos

Quando pegaram a estrada
Movidos pela ilusão...
Acabaram assentando tijolos
Na construção...

Sonho de subir na vida
Subiram o morro dos ventos
Vendendo o branco do dia,
Fumaça pra escapamento
E assim deram o endereço
A tantas balas perdidas
Não souberam ler o preço...
E sem ler perderam a vida

As meninas são bonitas
As meninas esperam em vão
Uma carta... uma notícia
Dos meninos do sertão.


Renildo Borges

A Rosa e a Brisa


A rosa amava a brisa
A brisa amava a rosa
O vento queria a brisa
A brisa queria a rosa


O vento tinha aliada
A ventania invejosa
Que batia sem piedade
As faces rubras da rosa

A rosa amava a brisa
A brisa amava a rosa
Na correnteza corria
Pétalas vermelhas da rosa

Renildo Borges

Lenda real


Saci passou lá em casa
Me chamou pra passear
Queria mostrar acauã
Queria mostrar quati
Queria mostrar o pato
As coisas nossas daqui


E eu com cara de besta
Desconfiado do fato
Perguntei se há tarzan
Nesse passeio no mato


Iara passou lá em casa
Me chamou pra ir nadar
No velho chico,amazonas
Rio pardo e paraná
E eu com cara de besta
Sem saber o que falar
Pensava em mississipi
Um rio de outro lugar


Cascudo passou lá em casa
Deixou livros pra mim ver
Vaqueiro e cantadores
Mitologia dos índios
Coisa gostosa de ler
Trinta histórias brasileiras
Dicionário pra entender
E eu com cara de besta
Ignorei o poeta
Fui olhar a chapeuzinho
E a bela pela floresta


Bem-te-vi passou lá em casa
Me chamou para cantar
O último pau de arara
E o luar do sertão
E eu com cara de besta
Desafinei a poesia
Acostumado com blues
Nunca cantei romaria


Barreto passou lá em casa
Me chamou pra assistir
O caipira mazaropi
Deus e o diabo
Com a terra em transe
E eu com cara de besta
Pedi desculpas ao oscarito
Fiquei na terceira margem
Vendo o vento que uivava
Levando a máquina mortífera
Com jornada nas estrelas


Brasil passou lá em casa
Me chamou pra viajar
Pelas praias do nordeste
Ou no Belém do Pará
Colher maças lá no sul
Colher cristais na chapada
E eu com cara de besta
Dinheiro ? não tinha nada
Perdi tudo num cassino
Bem longe da pátria amada.



Renildo Borges

Os cabras da peste


Menino que tiro é este!
Que assombrou o sertão?
É um cabra perseguido ,mãe...
Por nome de Lampião!


Menino que reza é esta!
Que desce do Ceará?
É o “padim Ciço”,mãe...
Chamando pra “nois” “rezá”!

Menino que rio é este!
“Adonde” tu “qué pescá”?
É o velho Chico ,mãe...
Onde Iara foi “morá”!

Menino que forrobodó é esse!
Sacudindo Caruarú?
É um tal Gonzaga ,mãe...
Sanfoneiro de Exú!

Menino que prosa é esta!
De pimenta em tatu peba?
Foi o João do Vale .mãe...
Que me ensinou esta regra!

Menino pra que pandeiro!
Se tu não sabe tocar?
Vou pedir pro Jackson ,mãe...
Pra “mode” me ensinar!

Menino que canto é este!
Aqui nesta solidão?
É o Patativa,mãe...do Assaré
Do sertão!

Menino cadê Catulo!
O da Paixão Cearense?
Ele viu a onça ,mãe
A lua,rios e vertentes
Fez poesia bonita
Que lava a alma da gente

Menino eu não aguento...
Este teu ritmo danado!
Pegue o trem de Manuel Bandeira
E tome café com pão
Busque Antônio Conselheiro
E dele tome a bênção

Suba a Serra da Barriga
Peça pra Zumbi ajudar
A espalhar pelo mundo
Tudo que aconteceu
Neste sertão esquecido
Da mídia dos fariseus.


Renildo Borges

“Espelho da alma”


Olho meu corpo...diante do espelho!
Meus olhos me indagam...
Quantos habitam em mim?
Queria dizer a quantidade certa
Mas é densa a floresta
Desses seres...enfim!


Por certo eu amo um que me consola
Nas estranhas horas desse meu viver
Se vem as lágrimas
Ele é a brisa calma
Que enxuga o pranto
Pra o amanhecer

Por certo eu amo um que é habilidoso
Me mostra caminhos... onde devo andar
As vezes,coitado! Dá um cochilada
Se me enganaram! Vem se desculpar...

Por certo eu brinco com um que é serelepe
Sempre risonho,vem me convidar
Diz que o sorriso,é uma carta aberta
Com letras maiúsculas pra ela enxergar

Eu gosto muito de um que menininho
Chega quietinho pra me acordar
E me convida pra contar estrelas
Ganhei verrugas de tanto contar

Mas eu respeito um que é rabugento
Sisudo e atento,quer a educação
Quando vomito palavras malditas
Ele exige a retratação

Mas tenho medo de um que é flutuante
É frio ,é distante...sempre a espreitar
Clareia as sombras com a ilusão
Me pede a mão para poder andar

E eis que vejo todos os outros tensos
O livre arbítrio sussurra no ar
E olhos tristes ao meu lado andam
Numa triste estrada que eu quis caminhar

Quando voltei...triste ,desiludido...
Olhos no chão no meu regressar
Quanta tristeza semeei no escuro
Do egoísta modo de pensar.

Renildo Borges

Quando anoitecer


Quando acabar as poesias
Que te mando todo dia...
Farei doce das tuas palavras
Caminharei com tuas esperanças
A noite deitar-me-ei nos teus sonhos
E tua fé me cobrirás


Quando acabar as poesias
Que te mando todo dia...
Eu voltarei como os ventos
Pelas noites, pelos dias
Trarei nas asas do tempo
Teu riso , tua ousadia

De cuidar de violetas
De antigas primaveras
Fabricar teu próprio sonho
E não as tolas quimeras

Quando acabar as poesias
Que te mando todo dia...
Por certo em Fortaleza
Dentro do teu coração
Dirás... eu tinha um amigo
Dirás... eu tinha um irmão.

Renildo Borges

Palavras Belas


As palavras belas
Estão presas
No estranho céu de sua boca
Cercadas de ironia
Por que você nunca sorri


As palavras belas
Estão mortas
Nos envelopes lacrados
Nos livros nunca folheados
Por que você nunca lê

As palavras belas
Se perdem
No seu jeito intransigente
No seu modo inconsequente
Por que você nunca ouve

As palavras belas
Quer vida...
Ser escrita...
E ser lida...
Ser falada...
E ser ouvida...

Renildo Borges

A cor das manhãs


Antes que o laço da vida se quebre
E o mistério guardado que a envolve também
Antes que a lua, o sol e as estrelas
Pareçam distante e sem brilho pra ti
Antes que a noite prove teu espírito
E a dor no teu rosto ao invés de sorrir


Antes que os braços que te defenderam
Tão fracos, tão lentos comecem a tremer
Antes que os olhos que sempre enxergaram
No claro do dia já não possam ver
Antes que o canto dos pássaros se calem
E o barulho nas ruas lá fora também
Antes que o medo domine a coragem
Com a triste mensagem que o tempo acabou


Lembrarás!...
Que um dia foi jovem, foi belo e formoso
Correu pela vida, bebeu e dançou...
Mas, tão presunçoso, não agradeceste
O brilho! ...
A luz!...
Que te deste o senhor


Chorarás !
Sabendo que o corpo voltará ao pó
E o espírito à Deus o Grande senhor
Que um dia nós todos seremos julgados
Orais e lembrais do seu criador.



Renildo Borges

Para quem escrevo eu


Para quem escrevo eu?
Juntando palavras nessa canção!
Se não há um amor!
Se não há um amigo!
Se não há um irmão!


Para quem escrevo eu?
Juntando palavras nessa oração!
Se só há minha alma!
Se só há o meu sonho!
Se só há um coração!

Para quem escrevo eu?
Juntando palavras nessa fantasia!
Se não há partida!
Se não há espera!
Se não há saudades!

Para quem escrevo eu?
Juntando alegria nessa ilusão!
Um dia terei um amor!
Terei um amigo!
Terei um irmão!

Renildo Borges

De doce e de Sal


Senhor é tempo de verde
há flores no meu jardim
Ah senhor!
mas a tristeza
ainda senta a minha mesa
com o seu riso de escárnio
mostra-me louco cenário
troca-se a vida por nada...
...nada aqui vale uma vida


Senhor é tempo de azul
ouço músicas no ar
Ah senhor!
mas tristeza me convidar pra dançar
um baile falso que engana
a música em dó menor
lá fora triste lamento
ecoa em dó maior

Senhor é tempo de amarelo
há frutas no meu quintal
Ah senhor!
mas a tristeza transforma meu doce em sal
sal das lágrimas que caem
dos que carregam a bondade
esse seu pesado fardo
de uma estranha verdade

Senhor é tempo de branco
seu templo é meu coração
Ah senhor!
mas a tristeza mora além da vela acesa
dos que pregam a hipocrisia
dos que fazem da mentira
a sua ordem do dia.


Renildo Borges

Do lado de fora da vida


Do lado de fora da vida
pela vidraça embaçada
a morte me espreita silenciosa 
a primeira vez que a vi
olhou-me com um ódio intenso
por que viu em mim esperanças...


Esperanças de que eles se lembrariam
dos caramelos que eu trazia nos bolsos
quando chegava do trabalho
ou talvez das pipocas, do algodão doce
no parque aos domingos
Ah! Talvez se lembrem da vez que menti
quando o primeiro saiu de casa
na despedida ,me interpelou secamente:
-Pai ! tá chorando?

Cheio de vergonha respondi:
-Foi um cisco, filho!
-Sei!
meu coração devia ter desconfiado daquele sei
parecia ter um certo nojo nele


Por que a mentira e sua boca maldita
devia ter lhe contado que homem não chora
mas, o que um pai que embalou seus filhos no colo
que contou-lhes histórias ,poderia desconfiar de
um simples -sei!


No dia dos pais ,à tardezinha...
quando havia pouca luz...

a esperança foi assassinada pela solidão
A morte agora me olhava sem aquele ódio
aquele ódio do dia em que cheguei no asilo
Então me levantei ,apanhei no baú dos
absurdos o meu manto de tristeza

e adentrei a noite com a morte
caminhando ao meu lado.



Renildo Borges

“O guardador de sonhos”


De onde venho há uma rua
Que escondo dentro de mim
Com medo que algum malvado
Tire dela as suas flores morenas
Luiza,
Ruth,
Mariana,
Helena...
Que apedrejem os pássaros
Que roubem minhas goiabas
No tempo de eu menino


Escondo até dos amigos de infância
Que não são mais meninos ,ainda ,como eu
E por certo falarão mal dela dizendo:
- ah ! tinha marimbondo nos pés de manga!
-Mãe-Libé não gostava que a gente jogasse bola!


Só falo dela com João Batista ,que ainda
Continua na sua casinha de taipa ,coberta
De pente de palhas ali na Edgar Coelho.


Renildo Borges

Meu nome é Pedro


Meu nome é Pedro!
me chamam de rabugento
quando sobem nas costas cansadas de muitos
meus versos gritam nos ventos


Meu nome é Pedro!
mas ela chama de amor
mesmo eu chegando em casa
cabeça sem sintonia
com a ópera bufa do dia
maestro da hipocrisia de Brasília...
que horror!


Meu nome é Pedro!
me chamam de pecador...
por eu não ser partidário
do pastor,do seu vigário
com verdades absolutas
nelas Deus fica de lado

e o ibope se disputa

Meu nome é Pedro!
mas me chamam de papai

e por me chamarem assim 
aturo coisas ruins
ônibus lotados
má educação
salário atrasado
tudo além do normal
só pra ganhar dois sorrisos

limpos,doces sobre o sal

Meu nome é Pedro!
me chamam de protestante
toda vez que descarrego
na tinta a dor indecente
que fustiga e mata a gente
onde sou fio de navalha
só para cortar canalhas...


Meu nome é Pedro!
um tanto quanto atrevido
nunca fugi do perigo
de “quem paca cara compra
paca cara pagará”
que nome tu vais me dar?
certeza? Eu só tenho uma
todo rio corre pro mar.



Renildo Borges

Unicidade


Extrairei dos caminhos
Dos rumos que eu tomar
Experiências e conselhos
Que brotam do teu olhar

Andarei com o irmão índio
Com Jaci,com Deus Tupã
Plantaremos esperanças
Pra filhos do amanhã
Andarei com o irmão do dia
Do Rio Grande ao Paraná
À noite serei negrinho
Sob a lua a “campeá”
Andarei com o irmão Kardec
Protestantes ,Beneditinos
Com Buda irei a Meca
E a sinagoga do Rabino
E quando velho estiver
Tornarei a ser menino
Não importa o seu nome
Deus é uno,Deus é divino.


Renildo Borges

Panoramas


Não pude ver
por que vendo
dos olhos lágrimas corriam
E como corriam as águas
vendo as dores que sentias

Não pude parar
por que parado
eu nada fiz
eu nada fazia
e como parar
o que eu não faço
se parado a tua dor eu via

Quis sim dividir minha dor
que era só daquele dia
mas não quis trazer comigo
metade das que sentias
Fingi que eram estrelas
a luz que ilumina o dia
pra caminhar sem as sombras
das dores que tu sentias

Mas eis que vejo o espelho
da imunda hipocrisia
a dor dentro dos meus olhos
numa estranha ironia.


Renildo Borges

‘Pai Severino”


Papai queria plantar
não plantou,não pode não
os sonhos que carregava
dentro do seu coração

falava só com o vento
se escondia da alegria
rezava na escuridão
a triste Ave-Maria

Via triste à margem esquerda
de um rio chamado utopia
de águas escuras violentas
que de vermelho tingia
Papai suou pra me dar
não me deu,não pode não
tristonho me acalentava
Nos calos da sua mão

Papai não sabia ler
mas fez questão
que eu soubesse
Papai me trouxe pra escola
num pau de arara nordeste
Papai me deu a coragem
com seu suor matutino
deu-me também sua honra
com seu olhar nordestino.


Renildo Borges

“Os Desmandamentos “


(1) Eu sou o senhor teu Deus.
Bem ! Eu também acho,mas queria te dizer que aqui
inventaram o rádio,a TV e a internet
onde um bando de viciados esqueceram até que tu existe.
(2)Não terás outros deuses além de mim.
Bem senhor ! Lamento te informar mas aqui tem deuses a dar com o pau.
Tem o deus da guitarra (Não vou dizer o nome não, por que corro o risco de ser processado) do martelo (Thor) o do sono (morpheu) da lua (Amon-rá) e pasmem!
Tem até o da guerra (ares) não vou enumerar aqui todos ,se não ficaria horas e horas.
(3) Não farás para ti nenhum ídolo.
Bem senhor! Aqueles que deviam zelar por isso,simplesmente,o ignoraram
e criaram tantas imagens que os 365 dias do ano, não são suficientes para homenagear
tanta imagem ,mas infelizmente não tem um dia de Deus.
(4) Não tomarás em vão o nome do senhor.
Bem ! Lamento te informar mas,teu nome rola de boca em boca a troco de nada
é mais gíria do que respeito por ti.
Lembra do sábado e guarde.
Bem senhor! A última vez que eu quis fazer isso,quase tomei uma justa causa
e fiquei desempregado, aqui o que manda é a grana ,eles não estão nem aí pro teu mandamento.
(5)Honre teu pai e tua mãe.
Desculpe eu te informar ! mas, aqui está difícil saber quem é o pai,a orgia é tão grande que inventaram até um teste pra determinar a paternidade do indivíduo,outros são jogados em rios,cestas de lixos e levam a vida sem saber quem é o pai ou a mãe.
(6) Não matarás.
Bem senhor! Eu que tenho o livre arbítrio,pois tu mesmo o me deste ,vou discordar dessa tua posição ,baseado, nas guerras que Davi fazia e que o senhor mandava
ele passar o cerol e ainda dizia que estava com ele e cá pra nós (detesto Davi) pois em
toda a Bíblia não existe um ser tão canalha e covarde quanto ele.
Portanto eles continuam a fazer guerra e só mandam pra lá os otários,pois filhinho de papai fica assistindo de camarote pela CNN e rindo da desgraça alheia.
(7) Não adulterarás.
Senhor! Aqui tudo está adulterado,a mulher e aquele selo de qualidade que o senhor colocou entre as pernas delas é raríssimo,os homens que deviam ser homens resolveram usar calcinhas e colocar peito de silicone,fora a gasolina,os remédios e os softwares da China e do Paraguai,sobre a traição entre homens e mulheres,isso vem desde o princípio e bem sabes disto e eles continuam a fazer a mesma coisa.
(8) Não furtarás.
Senhor! Furtar não é mais o negócio deles,agora eles roubam, vem de dia, de noite,qualquer hora
armados até os dentes e matam sem dó ou piedade,quem furta aqui é os políticos que os incautos elegeram que desviam milhões e milhões e continuam sendo eleitos.
(9) Não darás falso testemunho.
Bem senhor! Eu também concordo com o senhor, pois condenar um inocente é sem dúvida uma das piores coisas cometida,mas aqui não é bem assim,se o sujeito tem dinheiro ele planta uma testemunha e quem não tem, fica a ver navios ou atrás de uma grade ( aqui só fica preso pobre,preto e sem instrução) dados do IBGE.
(10) Não cobiçaras a mulher do teu próximo.
Senhor! Aqui as próprias mulheres querem ser cobiçadas ,independente de ser casadas ou não,elas fazem lipo,plástica,colocam silicone nos peitos e adoram ser gostosas e vender as carnes expostas nas bancas de jornal como se fosse açougue ,e o corno,marido ou namorado se acha o cara,por que sempre tem milhares de doentes que compram (aqui ser puta dá prestígio,está na moda,enquanto que as mulheres que cumpre o seu mandamento são tachadas de idiotas) até inventaram uma piada acerca do teu mandamento (não cobiçar a mulher do próximo,quando o próximo estiver muito próximo)
Quanto a cobiçar a casa do teu próximo,vou até deixar de lado,pois a única coisa que tenho é minha mente que o senhor mesmo me deu e é intransferível, bem o sabes.
E se o Senhor tivesse feito um mandamento tipo (Não ficarás viciado em nada)
Também não o respeitariam ,pois aqui todos são viciados em alguma coisa ,desde
Enfrentar chuva e sol pra ir ver 22 desocupados correndo atrás de uma bola e as vezes até se
matam por isso ,ir a comício e ficar olhando um candidato a ladrão contar um monte de mentiras,e acredite ,ainda aplaudem e o elegem para serem roubados.
Senhor! Afaste de mim esse cálice.

Renildo Borges

“Eterna Verdade”


Caminhei com a minha vida...
Onde comprei o belo!
E o feio me aborreceu!
Num sonho eu cheguei ao pórtico
Havia um riacho a minha frente
De águas límpidas,cristalinas...
No cruzar daquelas águas
Deveria eu me despir de tudo que fui...
Do outro lado o amor passeava entre todos
E distribuía ternura...todos ganhavam a mesma porção
E o vento cantava canções de alegria..
Volto ao passado...tento negar o que fui!
E pela primeira vez ...eu sinto vergonha!
As águas vão se turvando...e aos poucos começo afundar
Debato-me ! Tentando tirar de mim ,coisas que neguei ao próximo
Que faz pesar minha alma... o tempo avisa
Deve confessar agora ,o amargo das manhãs que semeastes
Quando a dor passeou sob teu olhar carregado de ganância!
Apresse-se ou será esquecido!
O reino da mentira não será para sempre.



Renildo Borges

“Fiz um poema pra ela”


Fiz um poema pra ela
Junto com a ilusão...
Havia doces palavras
E o sal da decepção

Mandei via esperança
Pelas asas da saudade
Que navegava a distância
Em versos de liberdade
Liberdade de dizer
Que se ama só uma vez
O resto é apenas resto
Do egoísmo ...da estupidez
De atirar palavras soltas, incertas
No momento em que o amor cantava
E com a porta aberta ,estava...
Fiz um poema pra ela
Com o tempo ...que corria
Pelos sussurros das noites
Pelos sorrisos do dia
Pelas palavras benditas
Nosso amor ainda grita
Pelas palavras malditas
Pelo sonho que me agita
Pelas desculpas não dadas
Da vida desarrumada.


Renildo Borges

“Fora da vida"


Fora de mim mora Rita
Que chora ...
Que grita...
Que dá...
E cobra...
Como seria Rita?
Se morasse no amor!

Fora de mim mora Pedro
Com ódio...
Com fome...
Com medo...
Com pedras nas mãos...
Como seria Pedro?
Se morasse na alegria!
Fora de mim mora Juca
Que pixa...
Que briga...
Fanático em torcidas...
Como seria Juca?
Se não estivéssemos
Tão ocupados com futilidades!
Dentro de mim mora Júlia
Risonha...
Amada...
Festiva...
Como seria Júlia?
Se morasse fora de mim e de outros!


Renildo Borges

“Giro”


Um dia estive por ai !
Sem vontade de viver
Ou continuar a lutar
Olhei a minha volta
E só encontrei desamor,
Hipocrisia, gente mesquinha

Pessoas se agredindo sem escrúpulos
Em ferir...
Magoar...
Humilhar...
Fechei meu coração e disse a mim mesmo
Esse não é o meu mundo!
Meu mundo não é um sonho
Mas há um sonho nele
Só aqueles que conhecem o amor
Poderá penetrar nele.


Renildo Borges

O Mar


Será que Deus fez o mar...
Com seu azul...
Seu mistério...
Para loucos lá guerrear
E nas águas formarem impérios?
Não sei!

Será que Deus fez o mar...
Com peixes e corais elegantes...
Para loucos armados de ganâncias...
Matarem toda a vida que existe?
Talvez!
Será que deus fez o mar...
Com sua beleza profunda...
Para os loucos jorrar teu sangue negro
Tornando suas águas imunda?
Não sei!
Talvez!
Quem sabe um dia...
Ele por si falará...
Como nessa poesia.


Renildo Borges

O vento da Poesia


A poesia traz nuvens ,com cheiro de chuva,
Para banhar os sertões morenos,
tirando o sal da labuta
de dias mais calorentos...
Não acreditas?...

Então, pergunte aos ventos!
Por que o vento da minha poesia
Conhece a dor do seu dia
Carrega seu pensamento
e escuta o seu lamento!

A poesia apaga palavras amargas
Que nas páginas do dia ,foram escritas
por sete mãos , injustas e malditas,
nunca ,nunca mais serão absolutas,
por que a oitava mão ,foi decepada,
não por acaso ou sorte...
Mas, pela navalha da minha poesia ,
antes que a maldita escrevesse a palavra...Morte
não acreditas?...
Então,pergunte pela vida que há dentro de ti!
Por que a poesia por ti ,varre as noites
Sofre por ti ...seus açoites
e dormirá apenas na manhã...
quando seu dia for doce
A poesia pede desculpas...
ao teu amor...teu amigo...
que ficou sem teu abrigo
quando houve tempestades
de mentiras...inverdades
onde tu foste covarde
a verdade, estava entre seus dedos
bastava ,estender a mão sem medo
não acreditas?
Então,por que a solidão anda contigo agora!
Quando tu, por madrugadas afora
Sem amigo,sem amor,sem nada
Lê e relê estas letras borradas
Pelas tuas lágrimas..
pelas tuas lágrimas.


Renildo Borges

Quando o amor foi embora


Quando o amor foi embora
Foi levando porta a fora
Todas as receitas que tinha
para me fazer feliz.
Levou o doce da aurora
E o sossego das horas
que havia em seu sorriso

A noite ,que era tão sensual
Onde,nada era casual...
Sempre descobri segredos
Pelo seus vales e seus montes
Estava ali bem defronte
Levando o riacho...a fonte...
Meu mais belo horizonte
Foi com ela , escondida
debaixo do seu vestido
Hoje ,amo só a saudade...
Por que nela está você...


Renildo Borges