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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Do lado de fora da vida


Do lado de fora da vida
pela vidraça embaçada
a morte me espreita silenciosa 
a primeira vez que a vi
olhou-me com um ódio intenso
por que viu em mim esperanças...


Esperanças de que eles se lembrariam
dos caramelos que eu trazia nos bolsos
quando chegava do trabalho
ou talvez das pipocas, do algodão doce
no parque aos domingos
Ah! Talvez se lembrem da vez que menti
quando o primeiro saiu de casa
na despedida ,me interpelou secamente:
-Pai ! tá chorando?

Cheio de vergonha respondi:
-Foi um cisco, filho!
-Sei!
meu coração devia ter desconfiado daquele sei
parecia ter um certo nojo nele


Por que a mentira e sua boca maldita
devia ter lhe contado que homem não chora
mas, o que um pai que embalou seus filhos no colo
que contou-lhes histórias ,poderia desconfiar de
um simples -sei!


No dia dos pais ,à tardezinha...
quando havia pouca luz...

a esperança foi assassinada pela solidão
A morte agora me olhava sem aquele ódio
aquele ódio do dia em que cheguei no asilo
Então me levantei ,apanhei no baú dos
absurdos o meu manto de tristeza

e adentrei a noite com a morte
caminhando ao meu lado.



Renildo Borges

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