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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Os meninos do Sertão


Queria aprender a ler
Mas seu caderno é sertão
Seu lápis uma enxada,
Foice, marreta, facão...


Os meninos moram longe
Da Bahia ao Maranhão
São meninos nordestinos
São meninos do sertão

Os meninos já nasceram
Marcados com a lei do cão
Em plantações de sisal
Tantos já perderam a mão

Os meninos às vezes choram
Os meninos às vezes ri
Os meninos às vezes voam
Com sonhos de bem-te-vi

Tantas vezes são de pedra
Tantas vezes são de aço
Tantas vezes desafiam
Os fortes que são tão fracos

Quando pegaram a estrada
Movidos pela ilusão...
Acabaram assentando tijolos
Na construção...

Sonho de subir na vida
Subiram o morro dos ventos
Vendendo o branco do dia,
Fumaça pra escapamento
E assim deram o endereço
A tantas balas perdidas
Não souberam ler o preço...
E sem ler perderam a vida

As meninas são bonitas
As meninas esperam em vão
Uma carta... uma notícia
Dos meninos do sertão.


Renildo Borges

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